domingo, 19 de outubro de 2014

Desmantelando as Mentiras Petistas (Parte 2)

A presidente-candidata Dilma Rousseff (PT) tem levantado, em sua campanha eleitoral, casos que ela chama de “corrupções da era FHC”, os quais, segundo ela, não foram punidos.

Pasta Rosa, Sivam e Cayman foram alguns casos citados pela petista. Diferentemente do que alega a campanha mais suja da história da política brasileira, sempre houve investigação e punição a quem de fato merecia, como bem sabe Luiz Estêvão. Entretanto, aqueles que não foram presos, não o foram, não por falta de investigação, mas de provas. O Ministério Público (MP), a Polícia Federal (PF) e o Superior Tribunal Federal (STF) sempre tiveram autonomia para investigar e punir, independentemente da Presidência da República.

Se as acusações veementes de Dilma Rousseff são tão graves como ela diz ser, então, como diz Aécio Neves, o governo petista, em seus doze anos de poder, prevaricou, pois sua função seria reabrir os inquéritos.

O PT trouxe ao país uma nova forma de corrupção, a qual envolve o próprio partido, e não apenas pessoas. Explico.

O caso de Eduardo Azeredo (PSDB), ex-governador de MG, o qual o PT insiste em chamar de “mensalão mineiro” ou “mensalão tucano”, deve-se ficar claro que o Partido dos Trabalhadores assim o chamou com a intenção de convencer a sociedade de que o mensalão petista não é sua exclusividade. Aqueles menos informados aderiram. Os bem informados, por outro lado, sabem que o caso de Azeredo nada teve de mensalão, e que mensalão é única e exclusivamente do PT. Para sua reeleição, em 1998, o tucano montou provável caixa dois para bancar sua campanha eleitoral, eleição esta que perdeu. (digo “provável” porque o caso ainda não foi julgado, diferentemente do verdadeiro mensalão.) Caixa dois também é grave, e se ficar comprovado deve ser devidamente punido, mas chamá-lo de mensalão é de um mau-caratismo tremendo, pois mensalão é a transferência periódica de uma grande soma em dinheiro, de forma ilícita, para favorecer determinados interesses (exatamente como fez o PT em 2005 e 2010 – corrupção da Petrobrás –, segundo as acusações do próprio ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa). Em qualquer democracia séria, ambos os casos (2005 e 2010) seriam dignos de impeachment. Esses dois casos favoreceram ao partido e não apenas pessoas, como casos de possíveis corrupções anteriores.

A candidata-presidente aponta, ainda, o caso do metrô de SP, como se Aécio Neves tivesse ligação com a situação. Diferentemente da presidente petista, que não demitiu o senhor Paulo Roberto Costa por este ter cometido graves corrupções na Petrobrás, junto com outras dezenas de pessoas do próprio partido e coligações, pois ele próprio pediu demissão, o governador de SP, Geraldo Alckmin, mandou embora o presidente do metrô envolvido no escândalo. A possível corrupção no metrô de SP (ainda também não foi a julgamento) se deu em licitações irregulares a fim de favorecer empresa “X”. Os envolvidos, como o ex-presidente do metrô, não são militantes do partido (como nos casos das corrupções petistas), mas são funcionários bandidos, como pode haver em qualquer empresa comum, e o que tem de ser feito nesses casos é levar o bandido à cadeia, após, claro, demiti-lo, como fez o governador tucano. José Serra, para encerrar o caso, foi absolvido pela justiça, a qual também é independente do poder executivo, por esta não entender culpa no ex-governador, como os petistas tentaram impor. Qualquer corrupção deve ser investigada e punida, mas deve-se levar à sociedade de forma honesta. O PT, por outro lado, é sujo ao trazer inverdades à população, ou quando tenta incriminar seu adversário com dossiês falsos, como o Dossiê dos Aloprados, por exemplo, de 2006, tentando incriminar o então candidato à Presidência da República, José Serra, ou quando, novamente sobre o metrô de SP, traduziu de forma imoral e descarada a carta que denunciava as irregularidades, carta esta escrita originalmente em inglês, e que o PT, na tradução, inseriu o nome do PSDB de forma covarde e antiética.

A ex-guerrilheira petista faz, ainda, outras acusações ao Estado de SP, como sobre a falta de água, mas demonstra total ignorância ao tratar do assunto. O país, hoje, possui 1200 cidades com problemas de abastecimento de água, em SP são oito municípios com esse problema, mas nenhum administrado pela Sabesp. Dilma deixa também de olhar o próprio umbigo, ao fingir que não existem graves problemas nas hidrelétricas federais. De tão graves, o governo federal pediu água do Rio Jaguari (SP), e teve seu pedido negado, pois a lei diz que em casos de escassez, o uso deve ter prioridade humana. Outra mentira a respeito, é quando se diz que a Sabesp não fez obras nos últimos anos. É inconcebível que num Estado que cresce como SP, alguém há de acreditar que a população sobreviveria sem tais obras, como, por exemplo, as obras de tubulação de envio de água de outras represas para a Cantareira.

A candidata-presidente engessa os debates políticos (como se já não bastasse estes serem engessados com tantas regras esdrúxulas), com casos, que, ou ainda não foram comprovados ou que já foram esclarecidos, diferentemente de Aécio Neves, que quando trata de corrupção, é das atuais, as quais a sociedade merece saber, por isso, esses casos devem-se, sim, ser explorados. Mesmo assim, é notória a tentativa do tucano em falar de propostas, mas sua adversária vive fugindo, por, claro!, não ter nada a apresentar. (o caso da Petrobrás, apesar de recente, já ordenou a devolução de parte da corrupção de seu ex-diretor aos cofres públicos, por isso a trato como comprovada.)

Dilma Rousseff tenta, também, atacar MG com veemência, ao sempre voltar, entre outros casos, ao do aeroporto de Cláudio, caso este já esclarecido e tendo sua legalidade comprovada, como aponta o próprio MP. A candidata, apesar de candidata, ainda é presidente, e ao falar de MG se esquece que o Estado está sob sua jurisdição.

Por ser uma péssima oradora, a petista vive a dizer bobagens, e nem parece ser economista, como, por exemplo, ao afirmar que não há como reduzir inflação sem aumentar o desemprego. Assim, ela dá a entender que, sob seu governo, estaríamos sempre com a inflação ou desemprego em alta. Além de péssima oradora, é, ainda, imoral, ao se apropriar de programas de outrem (já citados no artigo anterior, à exceção do Pronatec, programa este de proposta de José Serra, em sua campanha eleitoral à Presidência da República de 2010, o Protec, baseado, por sua vez, nas bem-sucedidas Etec’s e Fatec’s do governo de SP).

Para finalizar, a candidata-presidente, no debate do SBT (16/10), alegou ter passado mal após ter se enrolado com a palavra “inequívoco”. (Ótima saída.) E, após o ocorrido, o ex-presidente Lula (PT) afirmou, em um comício no AM, que o candidato Aécio Neves tem sido agressivo com sua adversária. Essa afirmação indigna só poderia ter mesmo vindo de alguém imoral, pois basta analisar a campanha petista de sempre, mas, sobretudo de 2014, a qual insiste tanto numa mentira até que esta vire verdade, fazendo jus ao nazismo e seu ministro da Propaganda, Joseph Goebbels.

Parafraseando a própria Dilma Rousseff ao se referir a Marina Silva, no primeiro turno, a qual foi derrubada pelas mentiras petistas, coitadinhos [e fracos] não podem chegar à Presidência da República!

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Refutação das Críticas Petistas (2014)

A campanha do PT para o segundo turno das eleições presidenciais de 2014 tem focado muito na era FHC, mesmo que esta tenha sido há doze anos. Entretanto, o erro maior é voltar no tempo com os olhos do presente (erro muito comum praticado pela esquerda moderna ao tratar de um assunto histórico, seja ele qual for); o erro maior é, ainda, não se contextualizar ao tratar de um passado.

Não pretendo aqui advogar Fernando Henrique Cardoso, apesar de ter argumentos para tal, mas apenas refutar algumas desonestidades praticadas pelo PT na campanha de 2014, o que, na prática, acaba sendo certa defesa.

Hoje, grande parte dos brasileiros sente raiva daquele que presidiu o Brasil entre 1995 e 2002, e grande parte desse sentimento vem da crença num discurso indecoroso da oposição, que, em vários momentos, se torna stalinista, à medida que se insiste tanto numa mentira até que esta vire verdade na cabeça do cidadão.

Nenhum governo assume o poder com a expectativa de retração, então, avistar alguma melhora de FHC para cá é até meio lógico e natural, mas atribuir isso ao governo pós-FHC é imoral, pois o avanço se dá governo a governo (apesar de o último governo – Dilma – estar na perspectiva de entregar seu mandato pior do que pegou quatro anos antes).

Os programas sociais atuais, tão debatidos na campanha petista, não foram criados por eles, como já é sabido. O Bolsa Família, principal programa social, é uma mistura de inúmeros programas de FHC, como o Bolsa Escola, Auxílio Gás etc.; o programa Minha Casa, Minha Vida, nada mais é que o BNH, do presidente militar Castelo Branco; a Comissão da Verdade nada mais é que a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos, de 1995. Assim, entre outros projetos, o PT tem o costume de mudar o nome dos programas alheios para que estes pareçam ser seus. Causa, ainda, um pouco de espanto ouvir o governo atual se enaltecer ao afirmar que o número dos beneficiados do Bolsa Família em relação à época de FHC é absurdamente maior, isto é, de em torno de cinco milhões de cadastrados para em torno de quatorze milhões. Atualmente, quase sessenta milhões de pessoas recebem o benefício, que é destinado a miseráveis. Isso não é avanço, mas regresso. Avanço seria a diminuição de beneficiários!

Passando à frente.

Fernando Henrique Cardoso pegou o país com uma inflação de 900% ao ano e a entregou no entorno da meta, por isso tanta repulsa ao ouvir o governo atual criticar e comparar a inflação daquela época; Dilma, por outro lado, pegou o país com a inflação abaixo dos 6% e a está entregando no limite da meta, acima dos 6%.

A que se observar ainda o Efeito Lula. Quando surgiu a hipótese, em 2001, de Lula assumir o poder, o mercado financeiro se desesperou, assim, isso resplandeceu na economia. Mas o fato é que o presidente Lula pegou o país estabilizado, e, mais importante, com o crescimento reprimido, isto é, qualquer fagulha que se soltasse no mercado, o país teria um boom de crescimento, e foi o que aconteceu. Há de se elogiar também o fato de o presidente petista ter usado de artimanhas para não espantar o mercado, como mantendo, por exemplo, um liberal no Banco Central, algo que Dilma mudou completamente ao assumir em 2011.

Ainda, no fim da década de 1990 (anos tão criticados pelos petistas), existia o receio da volta da inflação, dado o quadro grave do passado e pela taxa de câmbio ter flutuado no país, e o Brasil não tinha alternativa para reduzi-la sem ser aumentando os juros, como hoje se podem frear gastos públicos, mas que Dilma, erradamente não aprende, e por isso, o país deixa 2014 com o gasto maior que a produção. Assim, no fim dos anos 90, aos poucos, o Brasil foi conduzido, sob risco e sem alternativa, a tal postura, o que culminou num breve aumento inflacionário, evidentemente, nada comparado ao início daquela década, e mesmo assim, encerrou o ano com a inflação em 9%, bem abaixo das expectativas, e com o crescimento positivo do PIB.

Outra comparação esdrúxula que o PT faz é dizer que o desemprego diminuiu. Parabéns ao PT! O que todos esperam de um governo é avanço mesmo. Porém, devo voltar ao quadro negativo que FHC herdou. Deve-se ficar claro, também, que o nível de empregos na era petista caiu, como, por exemplo, no quesito salário; deve-se lembrar, ainda, que os beneficiários do Bolsa Família, não entram na margem de desemprego do IBGE, algo que o órgão tentou adequar no início de 2014. Insistem, também, que Lula criou mais universidades, e mesmo que os índices apontam que a maior parte delas são apenas prédios ocos, na era FHC, apesar de o país não ter recursos para criação de universidades, o número de vagas criadas, em comparação ao governo Lula, foi absurdamente maior.

O que seria do país, não fosse o Plano Real (governo Itamar Franco, com FHC no Ministério da Fazenda)? Ou se não fosse a Lei de Responsabilidade Fiscal, de 2000, para controlar os gastos? Leis, diga-se de passagem, que o PT votou contra. O que seria do país se não fosse FHC ter acabado com a moratória (adiamento de prazo estipulado para pagamento de dívida), que vinha da era Sarney, fim da década de 1980, por falta de recursos? O maior programa social do país foi a estabilização econômica nos anos 90!

Fala-se ainda dos empréstimos que FHC fez no Fundo Monetário Internacional (FMI). E é difícil entender o preconceito que essa classe tem contra o FMI, que é, sem dúvida, a melhor forma de se pegar empréstimo. O petismo esquece, ou ao menos não admite em ano eleitoral, que Lula foi o maior beneficiário do empréstimo, tendo usufruído-o em seu governo; esquece-se também que o mesmo Lula fez boas menções a isso na época. Não se admite, em ano eleitoral, que FHC não tinha alternativa naquela fase, dado o quadro econômico do país. Hoje, o governo vende títulos em Wall Street, aos grandes bancos privados internacionais. Por que não se critica isso? Ah, sim, talvez a massa petista não saiba desse lucro internacional em cima do Brasil.

Fala-se muito ainda nas privatizações tucanas. Mas, mais uma vez, em ano eleitoral ninguém lembra que o país estava quebrado no início da década de 1990, os investidores fugiam do Brasil, não havia crescimento. O governo, consequentemente, não tinha meios para sustentar o capital. Esquece-se que uma linha telefônica chegava a custar 30.000 reais. Hoje, portanto, é fácil tê-la, em razão da política adotada por FHC. Ninguém fala, por outro lado, das tantas e tantas privatizações que o PT fez nos últimos doze anos, como estradas, aeroportos etc.

E eu nem entrei no quesito corrupção, que o PT, para se eximir de culpas, remete corrupções inventadas da era FHC. Por que será que, então, todas as acusações feitas pelos petistas a respeito das corrupções tucanas foram dadas como sem sustentação pela justiça? Não entrei no quesito dos tantos dossiês que os petistas criaram nos últimos anos para tentar incriminar o PSDB, como aquele contra a Ruth Cardoso para afugentar as denúncias de uso indevido de cartões corporativos pelos petistas, elaborado pelo Ministério da Casa Civil, tendo, na época, como ministra a senhora Dilma Rousseff, a qual pediu desculpa à própria Ruth Cardoso, pelo ocorrido; fora, ainda, o Dossiê dos Aloprados, orquestrado nas eleições de 2006 pelo petista Aloizio Mercadante, contra José Serra, tentado incriminá-lo. Mas, como sempre, foi provada a fraude.

Para encerrar, o país de 2014, possui juros acima de 10%, inflação no limite da meta, em quase 7% e crescimento de 0,3%, enquanto o resto do mundo, diante da crise, cresce uma média de 3%; enquanto a América Latina, nos últimos anos, tem crescido dois pontos percentuais acima do Brasil, incluindo, preste atenção, Venezuela e Argentina.

Portanto, a culpa da situação econômica do país não é da crise internacional, crise esta que o então presidente Lula, em 2008, chamou de “marolinha”, e hoje joga a responsabilidade da desgraça do país erroneamente na tal crise internacional para ocultar a má gestão petista.

Que fique claro que eu poderia ter ido muito mais longe em muitos aspectos, como explorar mais a má gestão e corrupção petista e outras acusações infundadas que fazem à oposição, mas me atentei aos assuntos da campanha petista, como comparações desonestas com os anos de governo FHC.

Devo encerrar, desmistificando a informação de que o PSDB governa para ricos e o PT para pobres, dizendo que os bancos lucraram o triplo na era Lula em comparação à era FHC, segundo a Consultoria Economática.

Devo dizer também que mesmo com o quadro econômico negativo na década de 1990, o governo FHC investiu no país mais de 20 bilhões de reais a mais em comparação ao governo Lula, segundo o IGP-DI, da FGV, e o salário mínimo, nos anos do governo FHC, teve valorização real – descontada a inflação, pelo IPCA – de 85,04%; já nos anos Dilma, deverá ser de apenas 15,44%.

Portanto, chega de acreditar em tantas mentiras e acatar tantas comparações desonestas.

domingo, 11 de maio de 2014

Intolerância

De fato, eu nasci numa época errada. Certamente, eu também diria isso caso tivesse vivido qualquer outro século ou década. Entretanto, isso não diminui minha insatisfação de lidar e conviver com a sociedade com a qual convivo, com a qual lido.

Explico-me: fomos todos devorados por uma tecnologia satânica; somos uma sociedade composta de gente idiota, de gente que, por melhor formação acadêmica que tenha, é cada vez mais ignorante e banal.

Falo das pessoas nas quais não me incluo, e, do fundo da alma, não ligo a mínima, caso isso seja interpretado como arrogância. Fiquei intolerante com o politicamente correto (outra estupidez que dominou o mundo), fiquei intolerante com a opinião alheia. Não tolero mais gente mesquinha que fica de olho em tudo o que você fala ou faz para lhe rotular de preconceituoso ou chato. Não suporto gente demasiada ou integralmente feliz, porque gente feliz o tempo todo é sempre fútil. Não ligo a mínima, caso isso seja interpretado como inveja. Fiquei intolerante com a opinião alheia (opinião, não postura).

Não suporto ver gente mexendo no celular enquanto está numa conversa, enquanto almoça, enquanto faz academia, enquanto assiste a um filme De fato, eu nasci numa época errada. Certamente, eu também diria isso caso tivesse vivido qualquer outro século ou década. Entretanto, isso não diminui minha insatisfação de lidar e conviver com a sociedade com a qual convivo, com a qual lido.
Explico-me: fomos todos devorados por uma tecnologia satânica; somos uma sociedade composta de gente idiota, de gente que, por melhor formação acadêmica que tenha, é cada vez mais ignorante e banal.
Falo das pessoas nas quais não me incluo, e, do fundo da alma, não ligo a mínima, caso isso seja interpretado como arrogância. Fiquei intolerante com o politicamente correto (outra estupidez que dominou o mundo), fiquei intolerante com a opinião alheia. Não tolero mais gente mesquinha que fica de olho em tudo o que você fala ou faz para rotulá-lo de preconceituoso ou chato.
Não suporto gente demasiada ou integralmente feliz, porque gente feliz o tempo todo é sempre fútil. Não ligo a mínima, caso isso seja interpretado como inveja. Fiquei intolerante com a opinião alheia (opinião, não postura).

Não suporto ver gente mexendo no celular enquanto está numa conversa, enquanto almoça, enquanto faz academia, enquanto assiste a um filme ou escuta uma música. Não suporto ver gente conversando enquanto assiste a um espetáculo, não suporto gente que cumprimenta com a cabeça, ou sem olhar o outro de fato. Fiquei intolerante com o desrespeito!

Não suporto gente escutando esse mercado musical atual. Cito algumas coisas: sertanejo universitário, miami bass (erroneamente chamado de funk), pagode, ou qualquer outra coisa esdrúxula. E não me importo se houve músicas ruins em outras épocas, falo da época na qual vivo.

Sou intolerante com gente que anseia ir a barzinhos, porque quando se chega a um desses lugares, só se avista gente falando besteiras, enchendo a cara e alimentando sua própria imbecilidade. Não ligo a mínima se isso soa como palavras de um infeliz convicto; não ligo a mínima, caso o contra-argumento seja respaldado em entretenimento para espairecer a cabeça.

Sou intolerante com gente que procura distrair a mente nos bares da cidade, com o argumento de que a vida é difícil, pois quando se pergunta a uma dessas pessoas em qual político ela votará ou votou, e a razão, ela diz odiar esses assuntos. Então eu pergunto: “Como uma pessoa dessas pode ansiar melhorar de vida, se ela ignora uma das principais forças motrizes para essa melhoria?!”

Sou intolerante com gente que mal sabe o nome do vice-presidente de sua nação, mas sabe o nome da namorada do Mc sei lá o quê.

Sou intolerante com gente que faz críticas à Igreja, baseando-se em opiniões frívolas de gente leviana. Sou intolerante com gente que critica a religião sem conhecer a história de fato. Sou intolerante com gente que critica o capital, mas nunca viveu o oposto para saber como seria, certamente – baseado na história –, ruim. Sou intolerante com gente que é, de sua casa, caridosa com os menos favorecidos. Sou intolerante com gente que é a favor da liberação de mais drogas, sem saber, de fato, a destruição que estas causam. Sou intolerante com gente que é a favor da extinção da polícia, numa era em que a criminalidade só cresce. Sou intolerante com gente que quer praticar orgias deliberadas, e depois critica a Igreja por ser contra o aborto ou o uso de preservativos, alegando o aumento de doenças sexuais ou crianças abandonadas no mundo, como se a culpa não fosse única e exclusivamente de sua inconsequência e imoralidade. Sou intolerante com gente que critica a corrupção, mas burla regras elementares, como não passar num farol vermelho, não estacionar em lugares proibidos, não furar filas etc. Sou intolerante com gente que critica fieis por rezarem a seres metafísicos, mas, em contrapartida, idolatra pessoas (vivas ou mortas), como Lula, Lênin etc. Sou intolerante com gente que só tem coragem de internet; sou intolerante com gente babaca que compartilha só idiotices, como vídeo de bebê de um desconhecido, ou o cachorro que corre atrás do próprio rabo, ou o gato que toca piano, ou frases dispensáveis de autoajuda de Paulo Coelho etc. Sou intolerante com gente carente que precisa de companhia frequente. Sou intolerante com gente que não respeita a tristeza ou o sofrimento (sua ou alheia), e fica forçando a si ou o “amigo” a sorrir ou se divertir forçosamente.
Sou intolerante com gente que pensa que felicidade está acima de tudo. Sou intolerante com gente que sai sempre sorrindo nas fotos para se mostrar feliz ao outro, mas quando para para pensar em sua vida de fato percebe o quão vulgar, imprestável e ordinária ela é. Sou intolerante com gente que não consegue ficar parada para ler um livro ou assistir a um filme de três horas. Sou intolerante com gente que não suporta ir a um museu, mas ama ir a festas para ouvir tolices e barulhos ininterruptos. Sou intolerante com gente que não suporta ouvir uma obra de Bach, mas pula como macaco ao ouvir anti-músicas com letras incitando a desinteligência ou vulgaridade. Não tolero gente que numa dessas ocasiões (festas etc.) vira um animal irracional.

Sou intolerante com gente com consciência social, e que, entre outras opiniões frívolas, considera um rap periférico melhor que Beethoven.

Sou intolerante com o mundo no qual vivo, mais especificamente com a época na qual vivo, aprofundando um pouco mais, com a sociedade que me ronda.

Por que então eu não me mato?! Porque a morte gradativa me parece mais romântica e filosófica!