domingo, 11 de maio de 2014

Intolerância

De fato, eu nasci numa época errada. Certamente, eu também diria isso caso tivesse vivido qualquer outro século ou década. Entretanto, isso não diminui minha insatisfação de lidar e conviver com a sociedade com a qual convivo, com a qual lido.

Explico-me: fomos todos devorados por uma tecnologia satânica; somos uma sociedade composta de gente idiota, de gente que, por melhor formação acadêmica que tenha, é cada vez mais ignorante e banal.

Falo das pessoas nas quais não me incluo, e, do fundo da alma, não ligo a mínima, caso isso seja interpretado como arrogância. Fiquei intolerante com o politicamente correto (outra estupidez que dominou o mundo), fiquei intolerante com a opinião alheia. Não tolero mais gente mesquinha que fica de olho em tudo o que você fala ou faz para lhe rotular de preconceituoso ou chato. Não suporto gente demasiada ou integralmente feliz, porque gente feliz o tempo todo é sempre fútil. Não ligo a mínima, caso isso seja interpretado como inveja. Fiquei intolerante com a opinião alheia (opinião, não postura).

Não suporto ver gente mexendo no celular enquanto está numa conversa, enquanto almoça, enquanto faz academia, enquanto assiste a um filme De fato, eu nasci numa época errada. Certamente, eu também diria isso caso tivesse vivido qualquer outro século ou década. Entretanto, isso não diminui minha insatisfação de lidar e conviver com a sociedade com a qual convivo, com a qual lido.
Explico-me: fomos todos devorados por uma tecnologia satânica; somos uma sociedade composta de gente idiota, de gente que, por melhor formação acadêmica que tenha, é cada vez mais ignorante e banal.
Falo das pessoas nas quais não me incluo, e, do fundo da alma, não ligo a mínima, caso isso seja interpretado como arrogância. Fiquei intolerante com o politicamente correto (outra estupidez que dominou o mundo), fiquei intolerante com a opinião alheia. Não tolero mais gente mesquinha que fica de olho em tudo o que você fala ou faz para rotulá-lo de preconceituoso ou chato.
Não suporto gente demasiada ou integralmente feliz, porque gente feliz o tempo todo é sempre fútil. Não ligo a mínima, caso isso seja interpretado como inveja. Fiquei intolerante com a opinião alheia (opinião, não postura).

Não suporto ver gente mexendo no celular enquanto está numa conversa, enquanto almoça, enquanto faz academia, enquanto assiste a um filme ou escuta uma música. Não suporto ver gente conversando enquanto assiste a um espetáculo, não suporto gente que cumprimenta com a cabeça, ou sem olhar o outro de fato. Fiquei intolerante com o desrespeito!

Não suporto gente escutando esse mercado musical atual. Cito algumas coisas: sertanejo universitário, miami bass (erroneamente chamado de funk), pagode, ou qualquer outra coisa esdrúxula. E não me importo se houve músicas ruins em outras épocas, falo da época na qual vivo.

Sou intolerante com gente que anseia ir a barzinhos, porque quando se chega a um desses lugares, só se avista gente falando besteiras, enchendo a cara e alimentando sua própria imbecilidade. Não ligo a mínima se isso soa como palavras de um infeliz convicto; não ligo a mínima, caso o contra-argumento seja respaldado em entretenimento para espairecer a cabeça.

Sou intolerante com gente que procura distrair a mente nos bares da cidade, com o argumento de que a vida é difícil, pois quando se pergunta a uma dessas pessoas em qual político ela votará ou votou, e a razão, ela diz odiar esses assuntos. Então eu pergunto: “Como uma pessoa dessas pode ansiar melhorar de vida, se ela ignora uma das principais forças motrizes para essa melhoria?!”

Sou intolerante com gente que mal sabe o nome do vice-presidente de sua nação, mas sabe o nome da namorada do Mc sei lá o quê.

Sou intolerante com gente que faz críticas à Igreja, baseando-se em opiniões frívolas de gente leviana. Sou intolerante com gente que critica a religião sem conhecer a história de fato. Sou intolerante com gente que critica o capital, mas nunca viveu o oposto para saber como seria, certamente – baseado na história –, ruim. Sou intolerante com gente que é, de sua casa, caridosa com os menos favorecidos. Sou intolerante com gente que é a favor da liberação de mais drogas, sem saber, de fato, a destruição que estas causam. Sou intolerante com gente que é a favor da extinção da polícia, numa era em que a criminalidade só cresce. Sou intolerante com gente que quer praticar orgias deliberadas, e depois critica a Igreja por ser contra o aborto ou o uso de preservativos, alegando o aumento de doenças sexuais ou crianças abandonadas no mundo, como se a culpa não fosse única e exclusivamente de sua inconsequência e imoralidade. Sou intolerante com gente que critica a corrupção, mas burla regras elementares, como não passar num farol vermelho, não estacionar em lugares proibidos, não furar filas etc. Sou intolerante com gente que critica fieis por rezarem a seres metafísicos, mas, em contrapartida, idolatra pessoas (vivas ou mortas), como Lula, Lênin etc. Sou intolerante com gente que só tem coragem de internet; sou intolerante com gente babaca que compartilha só idiotices, como vídeo de bebê de um desconhecido, ou o cachorro que corre atrás do próprio rabo, ou o gato que toca piano, ou frases dispensáveis de autoajuda de Paulo Coelho etc. Sou intolerante com gente carente que precisa de companhia frequente. Sou intolerante com gente que não respeita a tristeza ou o sofrimento (sua ou alheia), e fica forçando a si ou o “amigo” a sorrir ou se divertir forçosamente.
Sou intolerante com gente que pensa que felicidade está acima de tudo. Sou intolerante com gente que sai sempre sorrindo nas fotos para se mostrar feliz ao outro, mas quando para para pensar em sua vida de fato percebe o quão vulgar, imprestável e ordinária ela é. Sou intolerante com gente que não consegue ficar parada para ler um livro ou assistir a um filme de três horas. Sou intolerante com gente que não suporta ir a um museu, mas ama ir a festas para ouvir tolices e barulhos ininterruptos. Sou intolerante com gente que não suporta ouvir uma obra de Bach, mas pula como macaco ao ouvir anti-músicas com letras incitando a desinteligência ou vulgaridade. Não tolero gente que numa dessas ocasiões (festas etc.) vira um animal irracional.

Sou intolerante com gente com consciência social, e que, entre outras opiniões frívolas, considera um rap periférico melhor que Beethoven.

Sou intolerante com o mundo no qual vivo, mais especificamente com a época na qual vivo, aprofundando um pouco mais, com a sociedade que me ronda.

Por que então eu não me mato?! Porque a morte gradativa me parece mais romântica e filosófica!