terça-feira, 19 de abril de 2016

Ambos os Extremismos Anseiam por Ditadura

O Brasil vive um momento perigoso, mas também engraçado, de tão inacreditável.

Os extremismos estão, aos poucos, tomando conta da mente das pessoas. Quando não é alguém defendendo as ideias de Jair Bolsonaro e sua “cura gay”, é outro defendendo Jean Wyllys e sua pauta pela legalização/descriminalização da maconha e do aborto. Como ambos conseguem, com ideias tão chulas, ter tanta audiência, somente a vã mente humana para explicar. O Brasil precisa sair do buraco, e não se preocupar com a sexualidade alheia ou com temas de segundo escalão, como maconha. Nem perseguição aos gays, nem tampouco legalização de maconha ou de aborto levarão a inflação ao patamar desejado, baixarão os juros, criarão empregos, acabarão com a corrupção, ou salvarão a Petrobras.

Enquanto Bolsonaro exaltou, na Câmara, um torturador da ditadura militar, o PSOL exaltou Marighella, criminoso do lado oposto. Nenhum destes lados anseia por democracia, mas por ditaduras, um, de direita, e o outro, do proletariado. Nenhum lado está correto do ponto de vista democrático.

Durante os 21 anos de ditadura militar no Brasil, quem lutou verdadeiramente por democracia, e me limito a políticos, foram Ulysses Guimarães, Franco Montoro e José Serra, para citar alguns. Pessoas como Dilma Rousseff, Lamarca, Marighella, entre outros da mesma estirpe – e que pertenciam a grupos terroristas, como Var-Palmares, VPR, ALN, entre outros –, lutavam, sim, por outra ditadura, de viés soviético, cubano e chinês. Não existe a Lei de Newton aqui, caro leitor. Digo isto porque o argumento para defender a luta armada de grupos que lutavam contra a ditadura é sempre o mesmo: uma reação ao que a ditadura causou. Primeiramente, não há, em nenhum documento desses grupos, uma única palavra em defesa da democracia como a entendemos; secundariamente, esses grupos terroristas matavam gente inocente, sim!, e não apenas militares. Cito apenas alguns: o jornalista Edson Régis de Carvalho – PE (conhecida explosão no aeroporto de Guararapes); o fazendeiro José Gonçalves Conceição (Zé Dico) – SP (torturado pela turma de Marighella); e o bancário Osíris Motta Marcondes – SP (morto no assalto ao banco Mercantil do qual era gerente). Poderia citar mais dezenas de nomes. Todos os casos que citei acima são somente antes do AI-5.

Portanto, reitero, a luta armada durante a ditadura militar brasileira não objetivava, em seu programa político, a democracia. Isto já foi assumido por pessoas que pertenceram a tais grupos, como Fernando Gabeira. Ainda assim, para confirmar ainda mais minha escrita, basta que se pergunte aos defensores de grupos terroristas o que eles pensam a respeito dos presos políticos da Venezuela, por exemplo, encarcerados há anos, diga-se de passagem. Os esquerdistas infantis, como afirmava Lenin, pararam sua cabeça no século XIX, época em que existiam burguês e proletário.

Desta forma, se você, caro leitor, é a favor de democracia, deve tomar cuidado com os extremos que vêm tomando conta da pauta cotidiana.

Para encerrar, devo dizer, já que citei a senhora Dilma Rousseff – a qual pertenceu a grupo terrorista que defendia ditadura oposta a dos militares –, que ela, entre outros petistas, só “aceitam” a democracia porque não há outro jeito de se viver atualmente. Mas em seu peito ainda soa uma centralização de poder. Para comprovar isto, basta que analisemos como ela vem encarando seu impeachment, o qual vive chamando de golpe. Somente é golpe para quem não aceita a Constituição, a qual, por sua vez, rege nossa democracia. O PT, em 1988, não homologou esta Constituição. Desta maneira, fica claro o porquê de se encarar o impeachment como golpe. O PT não aceita a Constituição, o PT não aceita a democracia!

Antíteses em Prol do Equilíbrio

Nenhum ser humano é igual a outro. Seus anseios, desejos, sonhos..., diferem-se em algum momento ou nível. Entretanto, pode-se, penso eu, igualar, de forma genérica, ao menos uma característica, e para que esta fique clara devo expô-la de forma dissertativa, porém, não prolixa.

É somente diante da dor, seja ela qual for e em que nível for – pois não se pode, segundo minha própria concepção, julgar qual dor é importante ou não, já que cada um conhece seus limites –, que o homem repensa, verdadeiramente, seus passos; diante da dor, o homem reconsidera posturas e formas de enxergar a vida e de lidar com ela e com as pessoas, sobretudo, de seu entorno.

É bem verdade que a maior parte das pessoas, e isto não é científico, adquire mudanças curtas e passageiras, e quando a dor passa, a vida volta à sua normalidade. De qualquer forma, seguramente há um percentual que enxerga, com clareza, as mudanças a que se deve se submeter de fato e de forma sustentável.

Pessoas mais abertas e demasiadamente felizes podem repensar a importância de serem um pouco mais reflexivas e introspectivas. Por outro lado, pessoas exageradamente reflexivas e introspectivas poder-se-iam ser um pouco mais felizes e abertas ao mundo, apesar de a felicidade existir na introspecção. E, com efeito, como afirma uma pessoa querida, deitar na grama de uma praça sob o sol e olhar para o nada faz bem à saúde, assim, como afirma este escritor, faz bem à saúde também um bom filme num quarto fechado.

Gostando ou não destas antíteses, devemos admitir que o que torna uma vida mais equilibrada certamente é a união entre reflexão e socialização, entre um quarto fechado e uma praça aberta, entre o aconchego do lar e uma viagem pelo desconhecido.

Uma vida se torna mais feliz quando amamos e somos amados; quando somos mimados na carência e mimamos na carência de quem amamos; quando, na dor e na saúde, somos acolhidos, e acolhemos a dor e a saúde de quem nos é caro; quando, enfim, temos nossas vontades atendidas, mas que também atendemos a vontade de quem amamos.



domingo, 3 de abril de 2016

Felicidade Pós-Moderna - Uma Busca Incessante pelo Nada

O conceito pós-moderno de felicidade é a principal razão de haver tanta infelicidade pairando sobre as pessoas. E, de início, já faço uma sugestão literária: “Modernidade Líquida”, do sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Na obra, o autor aborda questões essenciais, como hedonismo, individualismo, socialização, entre outras.

A escravidão que nos traz a busca incessante por aquilo que se acredita ser prazer destrói qualquer tentativa da busca por uma felicidade saudável. Deste modo, procuro na contradição da referência ao período helenístico, sobretudo com Epicuro, a solução para esta escravidão, isto é, é mais provável alcançar a felicidade impondo limite ao prazer, do que o contrário. O exímio Arthur Schopenhauer nos ensinava, já no século XIX, que o desejo traz duas humilhações: a primeira é a de não conseguir realizá-lo, e a segunda, e pior, a de realizá-lo, pois quando se realiza, não é mais aquilo que se queria.

Há, ainda, outro aspecto importante para se pensar felicidade, e este é o sofrimento. Aquele que tem consciência da finitude humana, ou seja, de sua própria finitude, caminhará seu destino de forma menos superficial, fazendo com que sua travessia pelo rio da desilusão seja mais serena.

Abordo, por último, a tentativa ininterrupta de fuga daquilo que kierkegaard chamava de angústia como sendo o centro da alma humana.

1- Estágio Estético: pensar ser possível escapar da angústia sentindo coisas, isto é, comer, beber, comprar etc. Segundo kierkegaard, não funciona, pois uma hora não faz mais efeito, e você cairá na angústia;

2- Estágio Ético: achar-se uma pessoa ética e boa; pensar que se você for uma pessoa ética, encontrará a felicidade, mas, como dizia o pensador, não funciona, e cairá na hipocrisia;

3- Religioso: imaginar que fugirá da angústia seguindo uma doutrina religiosa pura e simplesmente. Dizia também não funcionar, pois, à medida que isto acontecer, você virará aquilo que, na discussão teológica contemporânea no debate do judaísmo, chama-se judaísmo behaviorista, isto é, realizar as coisas somente porque a lei manda, sem envolver o coração. Assim, você viverá de acordo com a doutrina, mas a angústia o comerá internamente.

Para encerrar, faço uma citação à obra de Dostoiévski, “O Sonho de um Homem Ridículo”, na qual a personagem, um homem deprimido, só conseguiu sair do estágio de tristeza ao reconhecer as imperfeições do mundo, e este ponto é frontal contra a tirania contemporânea da felicidade, pois a hipótese da tirania diz que se você for certinho e não participar das desgraças do mundo, então assim será feliz. O homem ridículo, em contrapartida, só foi feliz quando descobriu a desordem.

Por fim, o amor só vive onde existe infelicidade.