sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Refutação das Críticas Petistas (2014)

A campanha do PT para o segundo turno das eleições presidenciais de 2014 tem focado muito na era FHC, mesmo que esta tenha sido há doze anos. Entretanto, o erro maior é voltar no tempo com os olhos do presente (erro muito comum praticado pela esquerda moderna ao tratar de um assunto histórico, seja ele qual for); o erro maior é, ainda, não se contextualizar ao tratar de um passado.

Não pretendo aqui advogar Fernando Henrique Cardoso, apesar de ter argumentos para tal, mas apenas refutar algumas desonestidades praticadas pelo PT na campanha de 2014, o que, na prática, acaba sendo certa defesa.

Hoje, grande parte dos brasileiros sente raiva daquele que presidiu o Brasil entre 1995 e 2002, e grande parte desse sentimento vem da crença num discurso indecoroso da oposição, que, em vários momentos, se torna stalinista, à medida que se insiste tanto numa mentira até que esta vire verdade na cabeça do cidadão.

Nenhum governo assume o poder com a expectativa de retração, então, avistar alguma melhora de FHC para cá é até meio lógico e natural, mas atribuir isso ao governo pós-FHC é imoral, pois o avanço se dá governo a governo (apesar de o último governo – Dilma – estar na perspectiva de entregar seu mandato pior do que pegou quatro anos antes).

Os programas sociais atuais, tão debatidos na campanha petista, não foram criados por eles, como já é sabido. O Bolsa Família, principal programa social, é uma mistura de inúmeros programas de FHC, como o Bolsa Escola, Auxílio Gás etc.; o programa Minha Casa, Minha Vida, nada mais é que o BNH, do presidente militar Castelo Branco; a Comissão da Verdade nada mais é que a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos, de 1995. Assim, entre outros projetos, o PT tem o costume de mudar o nome dos programas alheios para que estes pareçam ser seus. Causa, ainda, um pouco de espanto ouvir o governo atual se enaltecer ao afirmar que o número dos beneficiados do Bolsa Família em relação à época de FHC é absurdamente maior, isto é, de em torno de cinco milhões de cadastrados para em torno de quatorze milhões. Atualmente, quase sessenta milhões de pessoas recebem o benefício, que é destinado a miseráveis. Isso não é avanço, mas regresso. Avanço seria a diminuição de beneficiários!

Passando à frente.

Fernando Henrique Cardoso pegou o país com uma inflação de 900% ao ano e a entregou no entorno da meta, por isso tanta repulsa ao ouvir o governo atual criticar e comparar a inflação daquela época; Dilma, por outro lado, pegou o país com a inflação abaixo dos 6% e a está entregando no limite da meta, acima dos 6%.

A que se observar ainda o Efeito Lula. Quando surgiu a hipótese, em 2001, de Lula assumir o poder, o mercado financeiro se desesperou, assim, isso resplandeceu na economia. Mas o fato é que o presidente Lula pegou o país estabilizado, e, mais importante, com o crescimento reprimido, isto é, qualquer fagulha que se soltasse no mercado, o país teria um boom de crescimento, e foi o que aconteceu. Há de se elogiar também o fato de o presidente petista ter usado de artimanhas para não espantar o mercado, como mantendo, por exemplo, um liberal no Banco Central, algo que Dilma mudou completamente ao assumir em 2011.

Ainda, no fim da década de 1990 (anos tão criticados pelos petistas), existia o receio da volta da inflação, dado o quadro grave do passado e pela taxa de câmbio ter flutuado no país, e o Brasil não tinha alternativa para reduzi-la sem ser aumentando os juros, como hoje se podem frear gastos públicos, mas que Dilma, erradamente não aprende, e por isso, o país deixa 2014 com o gasto maior que a produção. Assim, no fim dos anos 90, aos poucos, o Brasil foi conduzido, sob risco e sem alternativa, a tal postura, o que culminou num breve aumento inflacionário, evidentemente, nada comparado ao início daquela década, e mesmo assim, encerrou o ano com a inflação em 9%, bem abaixo das expectativas, e com o crescimento positivo do PIB.

Outra comparação esdrúxula que o PT faz é dizer que o desemprego diminuiu. Parabéns ao PT! O que todos esperam de um governo é avanço mesmo. Porém, devo voltar ao quadro negativo que FHC herdou. Deve-se ficar claro, também, que o nível de empregos na era petista caiu, como, por exemplo, no quesito salário; deve-se lembrar, ainda, que os beneficiários do Bolsa Família, não entram na margem de desemprego do IBGE, algo que o órgão tentou adequar no início de 2014. Insistem, também, que Lula criou mais universidades, e mesmo que os índices apontam que a maior parte delas são apenas prédios ocos, na era FHC, apesar de o país não ter recursos para criação de universidades, o número de vagas criadas, em comparação ao governo Lula, foi absurdamente maior.

O que seria do país, não fosse o Plano Real (governo Itamar Franco, com FHC no Ministério da Fazenda)? Ou se não fosse a Lei de Responsabilidade Fiscal, de 2000, para controlar os gastos? Leis, diga-se de passagem, que o PT votou contra. O que seria do país se não fosse FHC ter acabado com a moratória (adiamento de prazo estipulado para pagamento de dívida), que vinha da era Sarney, fim da década de 1980, por falta de recursos? O maior programa social do país foi a estabilização econômica nos anos 90!

Fala-se ainda dos empréstimos que FHC fez no Fundo Monetário Internacional (FMI). E é difícil entender o preconceito que essa classe tem contra o FMI, que é, sem dúvida, a melhor forma de se pegar empréstimo. O petismo esquece, ou ao menos não admite em ano eleitoral, que Lula foi o maior beneficiário do empréstimo, tendo usufruído-o em seu governo; esquece-se também que o mesmo Lula fez boas menções a isso na época. Não se admite, em ano eleitoral, que FHC não tinha alternativa naquela fase, dado o quadro econômico do país. Hoje, o governo vende títulos em Wall Street, aos grandes bancos privados internacionais. Por que não se critica isso? Ah, sim, talvez a massa petista não saiba desse lucro internacional em cima do Brasil.

Fala-se muito ainda nas privatizações tucanas. Mas, mais uma vez, em ano eleitoral ninguém lembra que o país estava quebrado no início da década de 1990, os investidores fugiam do Brasil, não havia crescimento. O governo, consequentemente, não tinha meios para sustentar o capital. Esquece-se que uma linha telefônica chegava a custar 30.000 reais. Hoje, portanto, é fácil tê-la, em razão da política adotada por FHC. Ninguém fala, por outro lado, das tantas e tantas privatizações que o PT fez nos últimos doze anos, como estradas, aeroportos etc.

E eu nem entrei no quesito corrupção, que o PT, para se eximir de culpas, remete corrupções inventadas da era FHC. Por que será que, então, todas as acusações feitas pelos petistas a respeito das corrupções tucanas foram dadas como sem sustentação pela justiça? Não entrei no quesito dos tantos dossiês que os petistas criaram nos últimos anos para tentar incriminar o PSDB, como aquele contra a Ruth Cardoso para afugentar as denúncias de uso indevido de cartões corporativos pelos petistas, elaborado pelo Ministério da Casa Civil, tendo, na época, como ministra a senhora Dilma Rousseff, a qual pediu desculpa à própria Ruth Cardoso, pelo ocorrido; fora, ainda, o Dossiê dos Aloprados, orquestrado nas eleições de 2006 pelo petista Aloizio Mercadante, contra José Serra, tentado incriminá-lo. Mas, como sempre, foi provada a fraude.

Para encerrar, o país de 2014, possui juros acima de 10%, inflação no limite da meta, em quase 7% e crescimento de 0,3%, enquanto o resto do mundo, diante da crise, cresce uma média de 3%; enquanto a América Latina, nos últimos anos, tem crescido dois pontos percentuais acima do Brasil, incluindo, preste atenção, Venezuela e Argentina.

Portanto, a culpa da situação econômica do país não é da crise internacional, crise esta que o então presidente Lula, em 2008, chamou de “marolinha”, e hoje joga a responsabilidade da desgraça do país erroneamente na tal crise internacional para ocultar a má gestão petista.

Que fique claro que eu poderia ter ido muito mais longe em muitos aspectos, como explorar mais a má gestão e corrupção petista e outras acusações infundadas que fazem à oposição, mas me atentei aos assuntos da campanha petista, como comparações desonestas com os anos de governo FHC.

Devo encerrar, desmistificando a informação de que o PSDB governa para ricos e o PT para pobres, dizendo que os bancos lucraram o triplo na era Lula em comparação à era FHC, segundo a Consultoria Economática.

Devo dizer também que mesmo com o quadro econômico negativo na década de 1990, o governo FHC investiu no país mais de 20 bilhões de reais a mais em comparação ao governo Lula, segundo o IGP-DI, da FGV, e o salário mínimo, nos anos do governo FHC, teve valorização real – descontada a inflação, pelo IPCA – de 85,04%; já nos anos Dilma, deverá ser de apenas 15,44%.

Portanto, chega de acreditar em tantas mentiras e acatar tantas comparações desonestas.

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