quinta-feira, 25 de outubro de 2018

#Salve-seQuemPuder

Estamos inseridos num momento conturbado, momento este que nós mesmos criamos, diga-se. Discussões morais, políticas, debates do que é certo ou errado... “Polarização”. Esta é a palavra da moda. Não obstante, os tais polarizados estão mais próximos do que parece. Adiante.

As frases a seguir, de ambos os lados, foram ditas obviamente num contexto maior. De qualquer forma, parece-me suficiente para evidenciar que os dois lados da polarização instaurada, apesar de diferentes tipos de incompetência e de maldade, não estão tão distantes assim.

“Tem que (sic) fechar o Supremo Tribunal Federal.” (Wadih Damous, deputado federal - RJ - do PT e ex-presidente da OAB) – abr/2018;

“Se quiser fechar o STF sabe o que você faz? Você não manda nem um jipe, você manda um soldado e um cabo” (Eduardo Bolsonaro, deputado federal - SP - do PSL) – jun/2018;

“Dentro do país é questão de tempo pra gente tomar o poder. Aí nós vamos tomar o poder, o que é diferente de ganhar uma eleição.” (José Dirceu, ministro da Casa Civil no governo Lula e ex-presidente do PT) – set/2018;

“Os poderes terão que (sic) buscar a solução, se não conseguirem, chegará a hora em que nós teremos de impor uma solução.” (General Mourão, vice na chapa de Bolsonaro) – set/2017;

“Bolsonaro é uma figura desimportante no meio militar, mas o Mourão, por exemplo, foi ele próprio torturador.” (Fake news espalhada por Fernando Haddad, candidato à presidência) – out/2018.

Além das declarações esdrúxulas que vêm igualmente dos dois lados, o PT e o Bolsonaro combateram e votaram juntos muitas pautas. Ambos foram contra o plano real; contra a MP 482, sobre a conversão da moeda; contra a quebra do monopólio estatal do petróleo; contra a quebra do monopólio das telecomunicações; contra proposta de reforma administrativa, no segundo mandato de FHC; contra a reforma da Previdência, naquele mesmo mandato, entre muitas outras coisas.

Ainda, ambos, PT e Bolsonaro, andam fazendo terrorismo eleitoral em campanha política (como já demonstrado acima), com ameaça, agressividade, acusações, promessas demagógicas etc. O próprio Lula, da cadeia, escreveu uma carta aos brasileiros na qual dizia “chegamos ao final (sic) das eleições diante da ameaça de um enorme retrocesso para o país, a democracia e nossa gente tão sofrida”. Vide o terrorismo atacando outra vez. Por que o PT nesses treze anos não fez essa gente deixar de ser sofrida? Toda eleição o PT espalha que o opositor acabará com o Bolsa Família, com os direitos dos trabalhadores e blá-blá-blá... Bolsonaro, porém, não fica atrás, e vive espalhando a notícia de que se o PT entrar no poder ficaremos sob uma ditadura bolivariana e blá-blá-blá... O PT nunca foi um partido comunista. Bolsonaro tenta se alinhar com a ultra-direita internacional: contra as minorias, com o militarismo e o armamentismo; o PT tem uma linha bem conhecida de arrogância, empáfia e uso indevido da máquina pública. Isto é, ambos são linhas diferentes de um mesmo populismo.

Os militantes de ambos os lados também não deixam a desejar, e mostram-se intolerantes com a adversidade, mostram-se ariscos, nervosos, inventando e proliferando notícias falsas em prol de seu candidato; ambos têm seu candidato como salvador da pátria, como super-herói, como Messias. É claro que a maior parte dessa força é somente sob o escudo de seus monitores, caso amanhã haja uma guerra civil no país, e não haverá, não tenho dúvida de que a maioria não sairá para o confronto.

Na prática, contudo, temos, de um lado Bolsonaro, que está no Congresso Nacional há quase trinta anos, e não se tem notícias dos feitos que fez à sua nação; e do outro, Haddad, representante do PT, que ficou no poder tempo suficiente para que pudéssemos nos orgulhar de nosso país e seus serviços, mas não é o que acontece, estamos piores do que quando ele iniciou o mandato.

Nessas circunstâncias e no panorama que nós mesmos nos colocamos, teremos de esperar mais alguns quadriênios para tentar de novo.

A quem é religioso, sugiro rezar; a quem não é, sugiro tornar-se um. #Salve-seQuemPuder.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Fala sério, PSOL!

O PSOL foi fundado em 2004 por pessoas que foram expulsas do PT, e foi criado, segundo as palavras de um dos fundadores, Babá, para “enfrentar o governo corrupto de Lula que se aliou a uma verdadeira quadrilha”. Ele se refere a pessoas como Eduardo Cunha, Sérgio Cabral, Renan Calheiros, Romero Jucá, Geddel Vieira Lima (sim, o homem da mala com cinquenta milhões de reais), Collor de Mello (sim, o principal opositor de lula em 89, que venceu a eleição e sofreu impeachment com o apoio do PT), Michel Temer (sim, o tal “golpista”), entre outros. Isto é, todos os perfis político-partidários que o PT sempre repudiou fizeram parte de seu governo.

Hoje, Guilherme Boulos, candidato à presidência da República pelo PSOL, não economiza insultos a seus adversários, enquanto eleva Lula (muito provavelmente com a intenção de cooptar os votos do presidiário que teve sua candidatura impugnada pela justiça). Um dos presidenciáveis que Boulos mais insulta é Henrique Meirelles, a quem “acusa” de banqueiro. O mais grave é que ninguém tentou alertar o candidato pelo PSOL do seguinte fato: Meirelles foi um dos homens mais fortes de Lula, a quem Boulos defende com unhas e dentes. Será que há alguma contradição nisso tudo?

Babá, fundador do PSOL, em entrevista ao UOL, disse estar revoltado com seu partido. Primeiramente, porque para as eleições de 2018 não houve prévias, isto é, Boulos, o lulista, foi feito candidato sem uma votação interna no partido. Isso que é democracia, hem; secundariamente, porque o PSOL, que diz lutar tanto contra a corrupção e a direita, tem apoiado abertamente o PT, partido que esteve à frente dos maiores escândalos de corrupção da história, além de ter se aliado com a pior espécie da política do país, inclusive com o PP (sim, do Maluf), partido da ditadura militar, aquela ditadura, de direita, que Boulos é incisivo em criticar, só não critica a aliança que seu super-herói, o Lula, fez com os homens da... ditadura.

É claro que eu não vou estender ainda mais este artigo para falar da corrupção que o próprio PSOL também comete, como o famigerado caso, já admitido pelo partido, da presidente da legenda em 2013 e deputada pelo RJ, Janira Rocha, acusada de cotização e desvio de verba; ou ainda a "farra das passagens aéreas" envolvendo a fundadora do PSOL, candidata à presidência em 2014, Luciana Genro; ou a condenação do deputado federal Edmilson Rodrigues por fraudes na compra de livros didáticos e desvio de verbas do FNDE; ou o caso envolvendo Leonel Brizola Neto, acusado de receber propina junto a Eduardo Paes (hoje forte candidato ao governo do RJ) durante as obras das Olimpíadas no Brasil; ou, para encerrar, os 450 mil reais que o então candidato à prefeitura de Macapá, em 2012, Clécio Luís, recebeu da Odebrecht para sua campanha vitoriosa. Por ser um partideco insignificante na política nacional, o PSOL possui casos de corrupção de partido grande.

Assim como o PT, o PSOL só é bom em uma coisa: propaganda. E de limpo não tem nada.