domingo, 27 de setembro de 2015

A sociologia hipócrita atual culpa pessoas de bem pela pobreza do mundo

A sociologia nasceu no século XIX como uma ciência conservadora. Auguste Comte, o responsável pelo termo “sociologia” e também responsável pela corrente filosófica positivista, passou a vida falando de uma ditadura republicana tecnocrática. Todo esse pensamento, inclusive, influenciou o Brasil que proclamou sua república. A influência subsiste até mesmo nas palavras de nossa bandeira: Ordem e Progresso. “Amor, por princípio, ordem, por base, e progresso, por fim” (Auguste Comte).

Comte dizia que o mundo caminhava, de forma progressiva, a uma etapa perfeita: a etapa positiva. Nela não haveria religião, tampouco políticos metafísicos. O mundo, então, seria explicado pela ciência; seria técnico e pragmático, que não erra nem especula.

Com o decorrer das décadas, a sociologia – que, basicamente, estuda o homem em sociedade – foi dominada pelas esquerdas, as quais tentam convencer seus alunos de que o mal do mundo reside no capitalismo; de que a elite é responsável pela pobreza instaurada de forma universal. Digo até que “sociologia” é confundida com “socialismo”, isto é, um erro crasso.

Neste artigo, minha intenção não é dissertar sobre capitalismo, socialismo etc., pois isso tornaria o artigo extenso em demasia. Minha intenção é muito mais simples e objetiva.

Quando professores de sociologia vão abordar temas referentes à violência, sociedade, cultura etc., eles tentam culpar certa ala da sociedade pelos mendigos de rua, pela pobreza e até mesmo, pasme!, pelos bandidos que nos assolam. Na visão desses professores sacripantas, todos nós deveríamos, por exemplo, ao passar por um necessitado, olhar em seus olhos profundamente e chorar junto a eles, sentir a dor deles. Lágrimas, porém, não resolvem problemas, sobretudo, estruturais. Evidentemente, não estou dizendo que as pessoas devam ser frias com o infortúnio alheio; não estou dizendo que não devemos ajudar a quem necessita, de acordo com nosso alcance, é claro. O que estou dizendo é que nem tudo é culpa de alguém ou de uma ala especificamente, pois a questão é muito mais ampla. Poderia me debruçar em Rousseau, Hobbes e até Jesus, para me explicar, mas como disse, serei mais objetivo. (Para maior aprofundamento, leia meu livro "Ensaios sobre o Mundo Pós-Moderno".)

Não creio na tese da economia clássica, que, grosso modo, libera o Estado de certas responsabilidades. Por outro lado, também não creio no Estado sob ótica comunista. Assim, então, vou na linha do economista inglês Keynes, o qual departamentos de sociologia de universidades como a USP não conhecem.

Acredito e defendo a responsabilidade direta do Estado, não somente nas questões de educação, saúde e segurança, mas também de emprego, bem-estar social, intervenções e regulações em áreas econômicas etc. Contudo, esnobo demagogias de assistencialismo e afins. Uma pessoa, grosso modo, necessita mais que comida para viver dignamente; esnobo, também, a discriminação sobre empresários, oriunda de alas da esquerda.

O Brasil tem uma das cargas tributárias mais altas do mundo; o Brasil é um dos maiores arrecadadores de impostos do mundo. Você, leitor, e eu, trabalhamos mais do que deveríamos para bancar o governo, o qual, por sua vez, deveria reverter esse recurso/verba aos serviços públicos, a partir dos quais os mendigos de rua e os miseráveis das favelas deveriam sair da condição em que se encontram, pois nesses serviços aos quais me refiro eram para constar educação, saúde, emprego etc. dignos.

Desse modo, se há mendigos passando fome, o Estado não está cumprindo seu papel adequadamente; o Estado não está usando a verba que você, leitor, e eu fornecemos através do esforço de nosso trabalho e suor.

Não estou dizendo que o Estado deveria investir mais verba nessas áreas, pois talvez você não saiba, mas o Brasil investe tanto em educação quanto um país de primeiro mundo. Isto é, o percentual do PIB investido é praticamente o mesmo de países como Itália, Portugal etc. A questão é, portanto, investir corretamente.

A responsabilidade pela miséria não reside diretamente num sistema econômico em si, mas, primeiramente, num Estado mal gerido.

Na sociologia, fala-se muito em formas de violência, e dentre essas formas estão as violências política e revolucionária. O crime de corrupção não deixa de ser, então, um assassinato contra serviços públicos de qualidade. O Brasil, não por coincidência, viveu, em menos de uma década, os dois maiores crimes de corrupção de sua história, quiçá da história do mundo (mensalão e petrolão – até agora).

O Estado brasileiro, leitor, é mal gerido e corrupto há anos; o Estado brasileiro, leitor, é quem destrata seus cidadãos; o Estado brasileiro, leitor, é quem não possui sociólogos de verdade para assessorá-lo. E o que os professores de sociologia fazem? Eles culpam o trabalhador e o sistema no qual vivemos pela existência de pobreza, enquanto, ao mesmo tempo, votam em partidos que corrompem o Estado, o qual, este sim, mantém o pobre como pobre, à medida que rouba ou não investe nossos recursos digna e adequadamente. (E eu estou falando, sim, do PT, caso não tenha ficado claro.)

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Terceiro melhor prefeito de São Paulo?

Certa feita, ouvi de um amigo que Fernando Haddad estava entre os três melhores prefeitos da história da cidade de São Paulo, só ficando atrás, então, de Faria Lima e Prestes Maia. Nos dois últimos, eu consigo ver alguma vantagem, contudo, ou esse amigo está confundindo Fernando Haddad com outro nome, ou perdeu mesmo qualquer senso de lucidez. Numa das reuniões que tive de ouvir essa afirmação estupefaciente – pois ele já havia afirmado tal disparate outras vezes –, questionei o porquê de tal visão, e um silêncio sepulcral pairou. Após questioná-lo, inverti a tal lista, e coloquei o petista da medalha de bronze entre os três piores, só ficando atrás de Jânio Quadros e Celso Pitta. Essa foi uma decisão difícil de tomar, visto que muitos prefeitos merecem esse pódio da vergonha, como Paulo Maluf, Marta Suplicy, entre outros. Você discorda? Ok, mas isso não muda os fatos. Sigamos.

Como alguém que escolhe uma equipe esdrúxula para assessorar – e isso é incontestável, do contrário não faria tanta sandice – pode estar entre os melhores? Como alguém que destrói a cidade com “ciclovias” mal feitas, perigosas e sem quaisquer planejamentos ou debates dignos pode merecer tal honra? Como alguém que se ocupa com minúcias, como o fechamento para carros e ônibus de importantes vias, em detrimento de promessas de campanha, como aumentar número de creches, pode ser ovacionado? Até faixa para pedestre está sendo criada junto aos carros. Bom, poderia passar horas elencando a má gestão em questão, e no fim os benefícios, caso haja, não representariam um décimo dos infortúnios.

Vou me debruçar, entretanto, um pouco mais sobre o fechamento para carros e ônibus, aos domingos, de uma importante via da cidade: a Avenida Paulista. Ninguém avisou o prefeito que lazer deve ser usufruído em parques, praças e afins. (Aí está a má assessoria.) Ou talvez ele saiba, mas é claro que é muito mais prático fechar uma avenida que construir parques, ou melhorar os parques e praças existentes, assim como é fácil pintar faixas vermelhas nas ruas e chamá-las de ciclovias. Pronto!, tudo se resolveu. Todos podem, agora, viver e coexistir em paz. Piada!

Aquela cena que ilustra folhetos das Testemunhas de Jeová, na qual as 144.000 pessoas (lorota) salvas estão felizes num grande jardim de deleite, parece-me, é a mesma cena que está na cabeça de Haddad, quando este imagina a Paulista ocupada por pessoas lights, saudáveis, “modernas” e que, pior, acham que tudo é lindo ao seu modo e que o importante é ser feliz acima de tudo. (É esse tipo de pensamento que fará com que nós, do século XXI, sejamos lembrados e tratados como motivo de chacota por nossos sucessores.)

O lulupetismo, do qual Haddad faz parte, incitou, mais que ninguém, através de incentivos, a compra de automóveis, e hoje acha bonito pedir que o deixemos em casa para andar a pé ou de bicicleta. O prefeito se esquece que foi eleito para governar para todos, inclusive os motoristas. Evidentemente, eu tenho consciência de que são necessárias medidas de bem comum, mas para que elas sejam coerentes, é necessário, também, um mínimo de estudo, planejamento e discussão. Não é passando por cima de certa ala da sociedade que se resolve certas coisas; não é se comportando como um tirano da “inteligência” que se chega ao bem comum.

Como afirma a jornalista Lúcia Boldrini: "Acabar com os ônibus na Paulista aos domingos é obrigar as pessoas a fazer mais baldeações ou a andar mais para alcançar as estações de metrô. É tomar o tempo delas, é inviabilizar o passeio ou dificultar o acesso ao trabalho, justo num domingo. É impor sofrimento e restrição aos invisíveis por um fetiche".

“Fetiche”. Esse é o substantivo que deve rotular Fernando Haddad. Que fetiche é esse com a Paulista? Deixe a Paulista em paz, prefeito! Pare de superfaturar as obras em nossa principal avenida tentando passar imagem de moderno. Sim, foram gastos, com a ciclovia da Paulista, R$ 12.200.000 (faço questão de pôr em extenso: doze milhões e duzentos mil reais). E já que a Paulista tem 2.700 metros, foram retirados de nossos bolsos R$ 45,00/cm. E não adianta vir comparar cidades como Amsterdã ou Nova Iorque para defender ciclovias em São Paulo. As topografias são diferentes, os custos são absurdamente diferentes e os debates com a sociedade, idem.

No caso do fechamento da avenida em questão, não importa mais quais possíveis benefícios essa implantação pode trazer, o projeto está errado em sua essência. Uma avenida tem uma razão natural de ser, em qualquer parte do universo, e o prefeito quer mudar a essência natural das coisas, menos a sua própria.

Fernando Haddad não está interessado no bem comum da população paulistana, ele só quer terminar o mandato com uma imagem um pouquinho melhor da que possui atualmente, isto é, péssima. Ele sabe que não dá mais tempo de implementar coisas importantes na cidade, e sabe, também, que sua imagem despenca cada dia mais. (Aliás, não dá mais tempo e nem tampouco possui capacidade para tal.) A melhor solução, então, foi tentar passar uma imagem de moderninho perante os tolos que o apoiam... Tolos saudáveis que choram, de longe, pelos sírios quando veem aquela guerra pelos seus iPhones; tolos individualistas e infelizes que limpam suas consciências andando de bicicleta aos domingos, enquanto nos outros seis dias da semana poluem o mundo com os combustíveis que vêm de uma estatal corrupta: a Petrobras.

Volto-me ao meu amigo do início. Por que Fernando Haddad está entre os três melhores prefeitos da história da cidade de São Paulo? Responda, por favor!

domingo, 13 de setembro de 2015

Ninguém é feliz!

Ninguém é feliz! A verdadeira questão é que alguns sabem – mesmo que ignorem – e outros não.

Vivo refugiado no canto de minha trincheira, e lido direta e conscientemente com minha solitude. Epicuro dizia que o homem torna-se vulnerável ao se isolar, o que o pensador, então, não recomendava. Ignoro-o, apesar de admirá-lo em tantas questões.

Alguns, portanto, me consideram solitário, e demonstram total desconhecimento dos significados dos termos “solidão” e “solitude”. Não me ocuparei a explicar. Pessoas me rotulam de solitário, enquanto rodeadas de pessoas e risadas, ao mesmo tempo em que evitam sua própria companhia. Viver sob o medo da dor é mais grave que a própria dor em si, e ela nos atinge a todos.

O que faz um grupo de pessoas reunidas em festa em meio à bebedeira, por exemplo? Certamente o assunto não cessa, e não cessa exatamente por não haver assunto; certamente a risada é ininterrupta, e assim o é exatamente pelo medo do silêncio. Um homem só percebe sua pequenez e futilidade no vazio de sua companhia, quando, assim, portanto, reconhece sua essência, e por isso evita tal situação. Não eu. Por conseguinte, um grupo de pessoas nada mais reúne senão um grupo de solitários que desconhecem sua própria essência. E, no coletivo, toda essa dor e essa solidão são diluídas e disfarçadas, a maior parte das vezes de forma instintiva, e por esse motivo, também, pessoas com esse perfil renegariam esta assertiva. Contudo, os que renegam minha argumentação poderiam contra-argumentar, dizendo, por consequência, morar aí a importância da socialização, já que é somente através dela que se encontra a felicidade. Não obstante, essa tal felicidade, ainda assim, nada mais é que um mero subterfúgio, isto é, apenas uma ilusão.

A felicidade vivida num grupo como esses é como uma miragem avistada por um viajante. Do mesmo modo que uma miragem nada mais é que uma peça que nos prega nossa mente vã, a tal felicidade assim o é: nada mais que uma quimera. E, à vista disso, não existe!

Como disse, à beira da morte, o príncipe Hamlet: “O resto é silêncio!” Ou, trazendo algo mais moderno e nosso, como Drummond: "Há uma hora em que os bares se fecham/ e todas as virtudes se negam". Fim!