Ninguém será capaz de me convencer que a pandemia que assolou, e assola, o planeta não tem um culpado. Tem, sim! Se não for uma pessoa, é um país: a China, que agora, e somente agora, proibiu o comércio de animais selvagens para corte.
Assim como fui refutado quando sugeri à época que o Carnaval de São Paulo devia ser suspenso, refutaram-me também quando sugeri que o tal comércio de animais selvagens da China era o culpado por todo mal que hoje dizima sociedades mundo afora.
Os argumentos que jogaram sobre mim em ambas as questões foram basicamente os seguintes: “Por que cancelariam o Carnaval se não há nada acontecendo no Brasil?” E “A China não tem culpa, essas coisas não se controlam”.
Alguém em sã consciência duvida da alta globalização atualmente? Se duvida, talvez não haja argumento; se não duvida, por outro lado, então o argumento de que na época ainda não se tinha contágio no Brasil torna-se injustificável.
Quando se deu o Carnaval por aqui, o vírus já estava destruindo a China e já havia chegado à Europa. Era óbvio que seria apenas uma questão de tempo até se chegasse aqui. Sem mencionar o fato de que muitos estrangeiros participam dos carnavais de São Paulo. Mas infelizmente é necessário ter um mal já avançado para que medidas sejam tomadas. No país da festa e da algazarra, certamente haveria muita gritaria, caso a festa tivesse sido cancelada, e nenhum governante iria querer ficar mal perante sua sociedade em ano eleitoral. Muito bem, todos aproveitaram a festa, com o preço de agora estarem trancafiados como animais enjaulados.
Voltando à questão da China. Desastres, não naturais, controla-se, sim! Como não? Não foi a primeira vez que países, através de sua imprudência, disseminaram vírus mortais mundo afora. E o que aprenderam? Nada. Quantos milhões são gastos em vacinas? Quanto esforço é exigido na área da pesquisa? Tudo isso, em grande parte das vezes, para tentar consertar o mal que alguns países, através de sua cultura muitas vezes retrógrada, exporta. A Árabia Saudita ainda hoje cria dromedários, mesmo após o desastre que o Mers provocou; a China até hoje mantinha a insanidade de seus mercados, mesmo após tantas epidemias lançadas, como a Sars, em 2002.
Muitos, sobretudo os mais religiosos, pensam que esse vírus veio para nos ensinar algo. Não! O vírus veio porque um país foi irresponsável. E por que deveríamos acreditar que o tal vírus ensinará algo, se os outros não ensinaram? Talvez o último que tenha ensinado alguma coisa foi o da Gripe Espanhola, mas era outra sociedade, menos mimada e menos carente. E tenho minhas dúvidas se foi mesmo ele que ensinou algo ou se foi a Primeira Guerra Mundial ou a Crise de 1929.
Hoje os pesquisadores conseguem criar uma vacina em um ou dois anos, isso é sem dúvida um avanço descomunal, mas de que adianta, tudo isso, se por um lado há profissionais decentes trabalhando no mais alto nível, enquanto de outro, há países lutando contra a humanidade e desequilibrando a gangorra para baixo?
As pessoas não vão ficar mais próximas ou mais amáveis por causa dessa pandemia; as pessoas não vão ficar mais solidárias, nem vão ficar mais reflexivas, ou menos individualistas. O novo milênio entrou numa dinâmica sem volta. O mundo, já nos ensinaram as epidemias das últimas décadas, vai continuar o mesmo: em queda livre. Que não venham pandemias piores no futuro! Por toda experiência pregressa, tudo indica que virão.
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