Em
decorrência da pandemia de 2020, as aulas a distância se tornaram regra, ainda
que não de forma tão democrática. Foi uma emergência. Compreensível, portanto.
Mas se isso virar uma tendência, a educação descerá uma ladeira possivelmente sem
volta. E aqui não faço distinção de ensino fundamental ou superior. O estrago
será em todos os níveis.
Seis
meses depois de as aulas em-rede (online)
estarem em vigor, os alunos ainda não criaram disciplina adequada para esse
formato. Os pais (sem generalizar) reclamam de qualquer movimento do professor,
ou de qualquer nota que eles consideram abaixo do que seu filho “perfeito” mereça,
mas sequer ajudam na disciplina dos rebentos para que as aulas funcionem como
se espera. É o famoso “eu tenho direitos, mas não deveres”.
Imagine
uma sala de aula presencial com os alunos entrando e saindo do espaço
livremente a torto e a direito; imagine os alunos deitados, confortáveis, no
chão desse mesmo espaço; imagine esses alunos tomando seu lanche durante as
aulas; ou, ainda, mexendo no celular durante a explicação do professor; imagine
o pai ou a mãe do aluno ao lado dele na sala respondendo as perguntas por seu
filho. Após imaginar tudo isso, acha viável um bom aprendizado? As aulas a
distância estão nesse nível, e não melhoraram um milímetro sequer desde que
começaram. É claro que a longuíssimo prazo isso poderia ser melhorado, criando
uma nova cultura, mas eu, com todo meu otimismo, não vislumbro. Com o
distanciamento, não há controle, e só é um bom modelo para quem gosta de
sistemas anárquicos.
Nas
aulas online, muitos alunos nem
aparecem, e quando aparecem, surgem quando bem entendem, saem quando bem
entendem; não ligam suas câmeras, e com isso certamente não estão presentes, do
contrário a ligariam; o professor pode ouvir a voz dos pais (que somente surgem
nesses momentos) dando as respostas das questões da aula para seus filhos; de
repente, o irmão do aluno, que deixou o microfone aberto, passa atrás gritando,
ou o pai começa uma ligação de negócio ao lado. Caríssimo leitor, tudo isso é
uma bagunça generalizada. Aprende-se muito pouco, e essas aulas só servem para
mostrar que se está tentando fazer alguma coisa. Na prática, porém, não existe
nenhuma funcionalidade, e são uma total perda de tempo, além de uma enorme
fonte de estresse para os professores, para os alunos, para os pais, para a
escola e para a educação.
É
melhor ficar sem aula então? Não! O melhor são as aulas presenciais, e essas
não podendo vigorar, o melhor são os pais entenderem que as aulas online precisam chegar o mais próximo
possível das aulas presenciais, evitando ou minimizando todas as falhas que eu
listei acima. Criticar o sistema educacional é fácil, difícil é fazermos nossa
parte.
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