quarta-feira, 22 de julho de 2015

O porquê de meus por quês

Não me tornei músico objetivando fama, tampouco publiquei livros com essa pretensão. Estudei música porque meu espírito solfejava melodias, ininterruptamente – mesmo que de forma inconsciente –, todavia, cabia a mim, como ser físico, colocá-las no lugar certo (não que este seja um requisito primordial do ponto de vista artístico); estudei música pelo amor que sinto pela organização dos sons e à eminência que ela pode nos levar; estudei música pelo maravilhamento que tinha (e continuo tendo) por tudo o que é possível criar a partir da matéria-prima que a natureza nos fornece, mesmo que nós, ocidentais, tenhamos alterado-a matematicamente. E que deu certo! Estudei música pelo deslumbramento que tenho e sempre tive por nomes incontestes (e suas obras) que passaram por nossa história; estudei música porque vi na arte uma forma genuína de tocar a alma das pessoas... e a minha.

Escrevo porque tenho descontrolada necessidade de expor, de forma clara (nem sempre coloquial), tudo o que sinto, apesar de músicas expressarem, por si só, os mais sublimes ou mais simples sentimentos.

Evidentemente, o palco e a plateia me são valiosos, mas não forçosamente uma necessidade, por outro lado, minha música e minha literatura, sim, são como extensões de mim mesmo, e estão relacionadas à intimidade, e não necessariamente à massificação; antes de subir em palcos, já compunha demasiadamente, pois, reitero, minha música retrata aquilo que sou em essência, e se esta ficar dentro de meu armário deixar-me-á mais infeliz do que penso ser.

O dia em que eu não tiver nada a dizer, meu espírito deixará de emanar melodias e meu cérebro, por sua vez, de pensar palavras. Isso acontece, tenho consciência, um pouco a cada dia. Devagar vou deixando de ter o que dizer e expressar, e isso ocorre à medida que percebo o ciclo vicioso do mundo, percepção esta que eu não possuía, ou então ignorava. Talvez vivemos tempo demais nesta terra.

Não subo ao palco como animador de festa, e me entristece quando vejo que é isso o que grande parte pessoas quer. Subo ao palco para apresentar minha obra, e, mesmo que a maior parte dela expresse minha solitude e visão das coisas, penso que ela pode contribuir ao menos com uma melhoria interna de cada um, e, obviamente, eu me incluo nessa ala. Conforme envelhecemos, percebemos que não nos cabe mudar o mundo, mas melhorarmos, sim, a nós mesmos, o que, consequentemente, ajudaria a contribuir com uma melhoria das pessoas de nosso ciclo de convivência e, então, com o mundo que possuímos.

Quando vou, raramente, a encontros sociais, fico contente, de certa forma, quando me pedem para cantar e tocar, pois sei que músicas podem ter um papel de alegria, mas, como a maior parte das vezes ela leva os ouvintes a um entorpecimento moral (não somente através da música em si, mas principalmente pela forma de as pessoas lidarem umas com as outras e com os recursos disponíveis), fica explicada minhas raras idas a eventos com essa conotação, além de pensar que meu talento (caso haja) não se estenda a esse mérito, não somente por condição pessoal, mas, principalmente, por condição inata.

Assim, a música e a literatura (limitando-me a, por enquanto, debater somente esses segmentos) podem ter vários papéis, mas quando o “artista” leva as pessoas ao seu redor a se entorpecerem física e moralmente, ou simplesmente quando ele anseia a fama como fim, este não é um artista, mas somente um comerciante ou um agente do entretenimento, mesmo que tenha talento para artista. Evidentemente, não estou afirmando que não se possa viver da arte.

Quando, em minha obra, eu abordo questões como fraqueza, moral, angústia e afins (e temas como estes não são raros nem tampouco estranhos a mim), trato mais do mundo e das épocas que de um sentimentalismo puramente pessoal em si; refiro-me, geralmente, à natureza humana e aos problemas que todos trazem consigo desde sempre, mas que, grande parte, por medo, fuga, indiferença ou ignorância, desconsidera, e por isso aparenta ser mais feliz, quando, no fundo, vive apenas uma ilusão. Ser sério e reservado, todavia, não significa nunca sorrir ou nunca ser feliz, significa não sorrir à toa e a todo o momento, tornando-se, assim, um mero bobo que não sabe valorizar emoções de fato.

O artista (e o que vou dizer deveria se estender a todos) necessita de momentos profundos para reflexões, e é daí que surgem as grandes obras sobre as quais nos debruçamos através das épocas. No mundo atual, é muito comum pessoas condenarem a solitude, por outro lado, o que seria de nós, caso não houvesse, no decorrer da história, pessoas com essa característica? Quantas obras o mundo deixaria de possuir? Afirmo, com certeza, que as principais! Obras, inclusive, que estudamos, e hoje nem percebemos a importância que podem ter tido para nossa formação. Não pretendo, com essa assertiva, dizer que não é possível um artista criar uma boa obra em momentos de felicidade, mas eu não preciso advogar em nome disso, porque todos já o fazem.

Por meu trabalho na área jornalística (jornal, blog e programa de WEB), fui diversas vezes rotulado de conservador, e isso por eu ser um vigoroso crítico de políticas demagógicas e um autêntico contestador do lulopetismo. Pobre das pessoas que veem, hoje, nesse partido (e nesse oportunista – Lula) um ente de progresso e de esquerda. Isso só nos mostra como é deturpada a visão de direita e esquerda que temos na América Latina; nos mostra, ainda, como faz falta a leitura de autores incontestes. Talvez você, leitor, não conheça Leôncio Basbaum, teatrólogo brasileiro do século XX, o qual afirma que a esquerda é aquela que luta pela melhoria da vida da população, através da mudança das condições vigentes. Ainda devo citar, para fim de conclusão, autores como Keynes, Malthus e Adam Smith, principais pensadores nas áreas de economia e filosofia, e todos são muito claros quando dizem que avanço se dá mediante emprego e empreendedorismo. Auxílios só atravancam essas duas frentes. É claro que esse é um tema polêmico e que dá margem a muita discussão, mas o fato é que eu não acredito em ninguém que se coloca como a salvação dos oprimidos, pelo contrário, vejo em gente assim o demônio encarnado. Essas pessoas que sentem prazer ao me rotular deveriam notar que há um paradoxo nisso tudo, isto é, o partido no qual elas votam, por crer que este faz algo pelos mais pobres, na verdade está, isto sim, no grupo dos mais conservadores, pois a política que usa para isso não faz nada mais que manter essas pessoas nessas condições ad aeternum, já que claramente não há investimento de infraestrutura para elas nem para o meio no qual vivem. E eu, que devagar e desde sempre, luto pelo avanço da educação (pois sou professor), da cultura (pois sou músico e escritor) e da comunicação (pois sou produtor audiovisual, radialista e jornalista), sou rotulado de conservador. É claro que muitas pessoas podem atuar nessas áreas e não fazer nada pela melhoria da sociedade, mas quem me conhece sabe meu histórico no que se refere a trabalhos sociais.

Minhas referências, pode crer!, estão mais em Platão, Santo Agostinho, Pascal, Adam Smith, Malthus, Kierkegaard, Dostoievski, Machado de Assis, Kafka e Keynes, e menos (ou nada, apesar de tê-los lido muito!) em Aristóteles, Anthony Ashley Cooper Jr. (3º Conde de Shaftesbury), Voltaire, Rousseau, Marx, (apesar de haver divergências entre Marx e Rousseau, como a implantação da eleição presidencial direta – proposta de Rousseau –, a qual Robespierre tentou introduzir, sem sucesso, na França do século XVIII, e à qual Marx se posicionou contra em 1848, quando ela de fato foi implantada na Revolução das primeiras Comunas de Paris), Engels, Sartre e Foucault.

Assim, coloco-me à disposição, aos que gostam de me rotular, para debater qualquer tema relacionado à cultura, à educação, à comunicação, à política, à filosofia, à economia, à ética e moral e à história.

Ps. Caso haja interesse sobre o que abordei neste artigo a respeito de política partidária e programas políticos, basta ler o livro que publiquei em 2014 sobre o assunto: “Ensaios sobre o Mundo Pós-Moderno”; ou se ainda quiser saber mais sobre o que escrevi no primeiro parágrafo deste artigo sobre nós, ocidentais, termos alterado a matemática das escalas sonoras naturais, leia meu livro: “Manual das Relações entre Música e Matemática”; por fim, caso se interesse pelos temas relacionados à moral humana, leia meus livros: “Contos & Conflitos”, Infortúnios de uma Família” e “Solitude”.

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