domingo, 13 de setembro de 2015

Ninguém é feliz!

Ninguém é feliz! A verdadeira questão é que alguns sabem – mesmo que ignorem – e outros não.

Vivo refugiado no canto de minha trincheira, e lido direta e conscientemente com minha solitude. Epicuro dizia que o homem torna-se vulnerável ao se isolar, o que o pensador, então, não recomendava. Ignoro-o, apesar de admirá-lo em tantas questões.

Alguns, portanto, me consideram solitário, e demonstram total desconhecimento dos significados dos termos “solidão” e “solitude”. Não me ocuparei a explicar. Pessoas me rotulam de solitário, enquanto rodeadas de pessoas e risadas, ao mesmo tempo em que evitam sua própria companhia. Viver sob o medo da dor é mais grave que a própria dor em si, e ela nos atinge a todos.

O que faz um grupo de pessoas reunidas em festa em meio à bebedeira, por exemplo? Certamente o assunto não cessa, e não cessa exatamente por não haver assunto; certamente a risada é ininterrupta, e assim o é exatamente pelo medo do silêncio. Um homem só percebe sua pequenez e futilidade no vazio de sua companhia, quando, assim, portanto, reconhece sua essência, e por isso evita tal situação. Não eu. Por conseguinte, um grupo de pessoas nada mais reúne senão um grupo de solitários que desconhecem sua própria essência. E, no coletivo, toda essa dor e essa solidão são diluídas e disfarçadas, a maior parte das vezes de forma instintiva, e por esse motivo, também, pessoas com esse perfil renegariam esta assertiva. Contudo, os que renegam minha argumentação poderiam contra-argumentar, dizendo, por consequência, morar aí a importância da socialização, já que é somente através dela que se encontra a felicidade. Não obstante, essa tal felicidade, ainda assim, nada mais é que um mero subterfúgio, isto é, apenas uma ilusão.

A felicidade vivida num grupo como esses é como uma miragem avistada por um viajante. Do mesmo modo que uma miragem nada mais é que uma peça que nos prega nossa mente vã, a tal felicidade assim o é: nada mais que uma quimera. E, à vista disso, não existe!

Como disse, à beira da morte, o príncipe Hamlet: “O resto é silêncio!” Ou, trazendo algo mais moderno e nosso, como Drummond: "Há uma hora em que os bares se fecham/ e todas as virtudes se negam". Fim!

3 comentários:

  1. Excelente observação Diego! Concordo! Também já reparei isso demais nessas situações. Abração!

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  2. Texto rico e lúcido aos olhos de quem se vê. Muitas vezes me pergunto; sou eu o doente por gostar e curtir a minha presença e companhia? Tenho hoje minha fiel companheira que me completa e também não me cobra muito agito, festas e bebedeiras e somos muito felizes assim.

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  3. Texto rico e lúcido aos olhos de quem se vê. Muitas vezes me pergunto; sou eu o doente por gostar e curtir a minha presença e companhia? Tenho hoje minha fiel companheira que me completa e também não me cobra muito agito, festas e bebedeiras e somos muito felizes assim.

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