segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Terceiro melhor prefeito de São Paulo?

Certa feita, ouvi de um amigo que Fernando Haddad estava entre os três melhores prefeitos da história da cidade de São Paulo, só ficando atrás, então, de Faria Lima e Prestes Maia. Nos dois últimos, eu consigo ver alguma vantagem, contudo, ou esse amigo está confundindo Fernando Haddad com outro nome, ou perdeu mesmo qualquer senso de lucidez. Numa das reuniões que tive de ouvir essa afirmação estupefaciente – pois ele já havia afirmado tal disparate outras vezes –, questionei o porquê de tal visão, e um silêncio sepulcral pairou. Após questioná-lo, inverti a tal lista, e coloquei o petista da medalha de bronze entre os três piores, só ficando atrás de Jânio Quadros e Celso Pitta. Essa foi uma decisão difícil de tomar, visto que muitos prefeitos merecem esse pódio da vergonha, como Paulo Maluf, Marta Suplicy, entre outros. Você discorda? Ok, mas isso não muda os fatos. Sigamos.

Como alguém que escolhe uma equipe esdrúxula para assessorar – e isso é incontestável, do contrário não faria tanta sandice – pode estar entre os melhores? Como alguém que destrói a cidade com “ciclovias” mal feitas, perigosas e sem quaisquer planejamentos ou debates dignos pode merecer tal honra? Como alguém que se ocupa com minúcias, como o fechamento para carros e ônibus de importantes vias, em detrimento de promessas de campanha, como aumentar número de creches, pode ser ovacionado? Até faixa para pedestre está sendo criada junto aos carros. Bom, poderia passar horas elencando a má gestão em questão, e no fim os benefícios, caso haja, não representariam um décimo dos infortúnios.

Vou me debruçar, entretanto, um pouco mais sobre o fechamento para carros e ônibus, aos domingos, de uma importante via da cidade: a Avenida Paulista. Ninguém avisou o prefeito que lazer deve ser usufruído em parques, praças e afins. (Aí está a má assessoria.) Ou talvez ele saiba, mas é claro que é muito mais prático fechar uma avenida que construir parques, ou melhorar os parques e praças existentes, assim como é fácil pintar faixas vermelhas nas ruas e chamá-las de ciclovias. Pronto!, tudo se resolveu. Todos podem, agora, viver e coexistir em paz. Piada!

Aquela cena que ilustra folhetos das Testemunhas de Jeová, na qual as 144.000 pessoas (lorota) salvas estão felizes num grande jardim de deleite, parece-me, é a mesma cena que está na cabeça de Haddad, quando este imagina a Paulista ocupada por pessoas lights, saudáveis, “modernas” e que, pior, acham que tudo é lindo ao seu modo e que o importante é ser feliz acima de tudo. (É esse tipo de pensamento que fará com que nós, do século XXI, sejamos lembrados e tratados como motivo de chacota por nossos sucessores.)

O lulupetismo, do qual Haddad faz parte, incitou, mais que ninguém, através de incentivos, a compra de automóveis, e hoje acha bonito pedir que o deixemos em casa para andar a pé ou de bicicleta. O prefeito se esquece que foi eleito para governar para todos, inclusive os motoristas. Evidentemente, eu tenho consciência de que são necessárias medidas de bem comum, mas para que elas sejam coerentes, é necessário, também, um mínimo de estudo, planejamento e discussão. Não é passando por cima de certa ala da sociedade que se resolve certas coisas; não é se comportando como um tirano da “inteligência” que se chega ao bem comum.

Como afirma a jornalista Lúcia Boldrini: "Acabar com os ônibus na Paulista aos domingos é obrigar as pessoas a fazer mais baldeações ou a andar mais para alcançar as estações de metrô. É tomar o tempo delas, é inviabilizar o passeio ou dificultar o acesso ao trabalho, justo num domingo. É impor sofrimento e restrição aos invisíveis por um fetiche".

“Fetiche”. Esse é o substantivo que deve rotular Fernando Haddad. Que fetiche é esse com a Paulista? Deixe a Paulista em paz, prefeito! Pare de superfaturar as obras em nossa principal avenida tentando passar imagem de moderno. Sim, foram gastos, com a ciclovia da Paulista, R$ 12.200.000 (faço questão de pôr em extenso: doze milhões e duzentos mil reais). E já que a Paulista tem 2.700 metros, foram retirados de nossos bolsos R$ 45,00/cm. E não adianta vir comparar cidades como Amsterdã ou Nova Iorque para defender ciclovias em São Paulo. As topografias são diferentes, os custos são absurdamente diferentes e os debates com a sociedade, idem.

No caso do fechamento da avenida em questão, não importa mais quais possíveis benefícios essa implantação pode trazer, o projeto está errado em sua essência. Uma avenida tem uma razão natural de ser, em qualquer parte do universo, e o prefeito quer mudar a essência natural das coisas, menos a sua própria.

Fernando Haddad não está interessado no bem comum da população paulistana, ele só quer terminar o mandato com uma imagem um pouquinho melhor da que possui atualmente, isto é, péssima. Ele sabe que não dá mais tempo de implementar coisas importantes na cidade, e sabe, também, que sua imagem despenca cada dia mais. (Aliás, não dá mais tempo e nem tampouco possui capacidade para tal.) A melhor solução, então, foi tentar passar uma imagem de moderninho perante os tolos que o apoiam... Tolos saudáveis que choram, de longe, pelos sírios quando veem aquela guerra pelos seus iPhones; tolos individualistas e infelizes que limpam suas consciências andando de bicicleta aos domingos, enquanto nos outros seis dias da semana poluem o mundo com os combustíveis que vêm de uma estatal corrupta: a Petrobras.

Volto-me ao meu amigo do início. Por que Fernando Haddad está entre os três melhores prefeitos da história da cidade de São Paulo? Responda, por favor!

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