quarta-feira, 1 de março de 2017

A cartilha modinha para músicos toscos

Grande parte dos músicos que se autodenominam de esquerda tem uma concepção tosca sobre o que é música (e também sobre o que é esquerda), e de como os músicos devem agir ou escolher seus repertórios. Isso tudo está mais evidente em jovens do século XXI, apesar de muitos “tiozões” das antigas abraçarem a ideia. E é claro que a ideia tem sido amplamente difundida nas mentes alheias.

Se um compositor popular, na visão dessa corja, dedicar seu trabalho a músicas pop, será considerado grosseiro. Na concepção imbecil desses revolucionários de araque, um violonista popular, por exemplo, só deve tocar Chico Buarque e afins, e uma banda, só deve tocar alternativo (outro nome tosco).

Estamos numa era em que o músico digno tem de seguir uma cartilha: usar barba mulambenta; usar cabelo com rabo de cavalo (se for cacheado, melhor ainda); ser frágil (no caso dos homens), e, no caso das mulheres, ser vigorosa; cantar com voz mole, no estilo Marcelo Camelo – no caso masculino –, e, no caso feminino, com voz no estilo Malu Magalhães (no caso dos homens, ainda, cai bem usar uns falsetes); as músicas têm de, preferencialmente, ter cunho político criticando qualquer coisa (mesmo que não faça sentido), exceto governos que eles dizem ser do povo, povo este que eles odeiam, diga-se de passagem, e que olham do salto que fica em cima de suas coberturas instauradas em zonas confortáveis cidades afora. Ah, sim, as músicas também serão bem aceitas se pregarem o amor universal e um mundo sem guerras. Viva Imagine!

É o que nosso mundo pequeno tem criado, e que fica muito mais evidente na área cultural, já que esses “artistas” são chatos e barulhentos: uma sociedade medíocre, sensível, melindrosa e que não aceita o sofrimento, que é inato na espécie humana. A música é, então, nada mais que um espelho da sociedade que deixaremos para nossos rebentos.

Nota: Deixei de fora o mundo lixo do sertanejo, que merece uma coluna à parte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário