quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

O comportamento do casal contemporâneo

É interessante pensar como funciona, na contemporaneidade, um relacionamento entre casal.

No amor contemporâneo, não pode haver ciúme, isto seria falta de confiança, motivo este suficiente para um rompimento.

No amor contemporâneo, não se pode duvidar do outro, seria, mais uma vez, falta de confiança.

No amor contemporâneo, não se pode dizer “não”, isto seria falta de apoio.

A sensibilidade exacerbada destrói casais. As pessoas, no decorrer dos anos, se enfraqueceram diante da vida. A rotina é muito frenética, é preciso sempre provar ser o melhor para poder sobreviver e para não ficar para trás. Tudo isso faz com que o mundo real crie pessoas fortes externamente, mas fracas espiritualmente. À medida que se conhece a intimidade das pessoas, elas abrem a porta de seu armário, e de lá sai toda a fraqueza e sensibilidade escondidas por detrás de um mundo que consome. E quem sofre com isso não é o chefe do trabalho, mas o parceiro da vida.

O mundo contemporâneo, através de todo o mercado consumidor, também criou pessoas mimadas e que demoram mais tempo para amadurecer, tendo como parâmetro as gerações passadas. E isto faz com que um simples “não” se torne uma briga épica.

No mundo contemporâneo, a realização dos desejos vem em primeiro lugar. Portanto, se o parceiro não aceitar a proposta do outro, significará falta de amor, de sensibilidade, de apoio e de companheirismo.

Quem não sentiria ciúme, por exemplo, de ouvir do namorado (a) que este sairá com uma amiga (o)? Esse mundo alternativo e liberal, neste nível, ainda é muito pequeno, quase inexistente. Mas no amor contemporâneo, este ciúme é inadmissível, significaria, mais uma vez, a falta da bendita confiança.

Quando se ama, não se deseja a felicidade do outro a qualquer custo, mas se deseja a felicidade do outro a seu lado.

A maior fraqueza contemporânea talvez não seja o risco de fracasso no trabalho, nem o desprezo dos amigos que vão ficando pelo passado, mas, sim, passar a vida fingindo que não sente ciúme, fingindo que confia no próximo, passar a vida dizendo “sim” para não passar a imagem de alguém que não é companheiro, passar a vida, por fim, enganando o próprio coração para fazer alguém feliz.

As pessoas têm medo de ser humanas, querem ser apenas uma máquina de agradar (mas agradar a sociedade), e isto as destrói. Não quero dizer com tudo isso que não se deva, para uma melhor vivência, lutar contra desejos maléficos, como o de querer exercer poder sobre alguém, mas apenas de que fingir que esses desejos não existem é lutar contra si mesmo.

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