terça-feira, 10 de novembro de 2020

Política partidária versus arte na rede

 

A rede social no Brasil existe há quase vinte anos, mas foi a partir de 2013 que o assunto política invadiu os “sites” de relacionamento massivamente. Naquele ano houve estrondosos protestos espalhados pelo país com variadas reivindicações, apesar de o estopim ter sido o aumento nas passagens de ônibus em diversos municípios. De repente estavam sobre a laje do Congresso Nacional. Até hoje muita gente não entende o que os grupos que saíram às ruas queriam de fato, inclusive eu. O ponto é que repentinamente a maior parte das pessoas, que até então se ocupava com tudo menos com política partidária, passou a debater temas político-sociais. Isso não é de todo ruim – caso a pessoa se debruce na matéria, obviamente, coisa que claramente não vimos –, o ruim é o meio e a forma com que as pessoas passaram a discutir o assunto: com o estômago e sob o escudo das redes sociais, isto é, as piores combinações possíveis. Sem mencionar o fato, ainda, de que ninguém desses que todos defendem nessas redes foi beneficiado em algum momento. São brigas que têm o fim em si mesmas, portanto.   

Não são tempos fáceis, apesar de já ter havido piores. Ninguém ainda parece ter dominado de fato o uso dos mecanismos tecnológicos digitais de massa, especialmente quando se trata de relacionamento. As informações são instantâneas e as pessoas estão conectadas entre si o tempo todo. Segundo o “site” O Globo (2019), o Brasil é o segundo país que mais passa tempo nas redes sociais, e isso não é bom. Se pelo menos não houver discernimento, as brigas por assuntos quaisquer serão mesmo certas e infindáveis. Se há algo que pudemos aprender nos últimos sete anos, a política (e aqui falo de modo geral) não é saudável se feita através da internet. Talvez possa ser um dia, mas ainda não temos essa capacidade. Ela só faz criar inimizades, intrigas, debates supérfluos e de baixo nível e discussões que não saem dali. A política se faz no dia a dia, na luta pelo próximo, no corpo a corpo da rotina do mundo, e não vociferando atrás de monitores. Não quero aqui coibir as pessoas de se expressarem, mas debater sobre o que não se sabe direito ou sobre o que aprendeu superficialmente lendo blogs ou afins não tem outro resultado senão motins descabidos.

E eu então pergunto: por que não usar esse tempo todo que se passa nas redes sociais para fazer amizades saudáveis, compartilhar materiais sadios e complementar o bom conhecimento? Apesar da crise educacional, e consequentemente cultural, pela qual passamos, bons artistas surgem quase o tempo todo, mas perdem espaço naquilo que seria o melhor meio de divulgação de sua arte: a rede social. E perdem espaço para as incontáveis baboseiras que contaminam a internet.

Com tudo isso, o que é mais salutar compartilhar nas redes: arte ou política?

P.S. Você que vive brigando pelo próximo nas redes sociais, já fez algo pelo próximo além do monitor? Você é importante para sua comunidade? Quem é o subprefeito de seu distrito?

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