terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Sexo, drogas e... música ruim

Parece inútil tentar refutar esse Carnaval contemporâneo que tomou conta de nossa cidade, São Paulo, e até de nosso país. Qualquer cidadão que tentar esta proeza será condenado de pronto. Os jornais (impressos, televisivos etc.) não se cansam dos velhos elogios: “Ô, povo brasileiro, que coisa linda”, “Essa é a cultura do povo brasileiro”, “Povo brasileiro, mostre ao mundo sua beleza”, e blá blá blá! Neste contexto, é muito delicado tentar uma posição adversa.

Não vou aqui também ser demagógico e dizer coisas do tipo: “Quais motivos têm as pessoas para se divertirem, enquanto o país vive uma crise catastrófica?”, ou “Por que não investir esse dinheiro na saúde?” ou ainda “Para Carnaval as pessoas têm dinheiro e disposição...”, e blá blá blá. Uma coisa nada tem a ver com a outra, saúde é saúde, educação é educação e cultura é cultura. Cada orçamento em seu devido lugar. Por outro lado, é claro e evidente que há algumas exceções. Aqui na subprefeitura do Butantã, São Paulo, por exemplo, o orçamento para a cultura sempre foi irrisório, ao ponto de os oficineiros da Casa de Cultura, que por anos foi subordinada a esta subprefeitura, terem de lecionar voluntariamente. Contudo, em épocas de Carnaval, as festas sempre foram fartas. Independentemente de patrocínios mil ou subsídio de secretarias, caso haja mesmo, a questão é de princípio.

O que o Brasil tem de melhor no âmbito cultural artístico é o multiculturalismo, do Oiapoque ao Chuí. Mil Brasis em apenas um.

Obviamente, o Carnaval, já praticado há tantos séculos, está dentro deste multiculturalismo. Deste modo, minha crítica é em relação ao entorpecimento moral causado pela concepção de Carnaval contemporânea, ao menos em alguns municípios deste imenso Brasil. Isto já podia ser visto nas pistas fechadas destinadas somente a gente “seleta”, ou seja, quem pode pagar se diverte, quem não pode, assiste de casa. Qual seria a saída? Blocos de rua. Entretanto, o cidadão de hoje não é mais o cidadão de setenta anos atrás. E qual então é o resultado da proeza do Estado? Sexo, drogas e... música ruim! Ao menos quando o tríduo era com o rock’n’roll, podíamos nos deleitar com Beatles, Stones, Os Mutantes etc. E por mais que alguns critiquem tal gênero, seria grande burrice igualar uma destas bandas a Wesley Safadão (que vergonha ter de citar este sujeito), Claudia Leitte, entre outros. Mas o lixo moral não está só na Bahia, lugar onde os supracitados se apresentaram agora em 2016, aqui no sudeste a coisa anda de mal a pior. Veja São Paulo, por exemplo, onde os tais bloquinhos da Vila Madalena são pautados por bebidas alcoólicas, libertinagem excessiva, entre outras desgraças amparadas por dirigentes que levam mérito destruindo a imagem daquilo que um dia foi Carnaval. Parece-me que as pessoas pensam que só pelo Carnaval ser nas ruas tudo vale. “Ah, essas pessoas são minoria, Diego!” Para esta assertiva cito Gregório de Matos: “O todo sem a parte não é todo,/ A parte sem o todo não é parte,/ Mas se a parte o faz todo, sendo parte,/ Não se diga, que é parte, sendo todo.”

Tão grave quanto esta situação vergonhosa e devastadora, é ver colunistas de renome elogiarem a postura da prefeitura por esta “fazer” algo pelo povo. Fazer o quê? Colocar um amontoado de pessoas no cio umas sobre as outras? Fazer um bando de gente se deleitar com respaldo de música ruim e cachaça? Tudo bem, você, que está lendo este artigo agora, se coloca fora deste grupo de palermas, não é? Parabéns a você, é por isso que a exceção faz a regra. Ainda assim, peço que releia Gregório de Matos. Olhe o nível dos homens que vão para os tais ditos carnavais de rua: 61% deles acham que mulher que vai pular carnaval não pode reclamar de cantada; 49% acham que mulher “direita” não deve ir a carnavais. Mais de 15% dos jovens, maioria nesses carnavais, estão desempregados. Talvez quando tiverem uma ocupação verdadeira, perceberão que a vida é mais que festas e “liberdade”.

Os militantes petistas atribuem a Fernando Haddad o crédito pelos blocos de rua, e não percebem que isso, na verdade, é um descrédito. Mas ainda assim estão errados. O prefeito da maior cidade do país não criou nada! Na era Serra essa palhaçada já existia, o que Haddad fez foi aumentar a orgia. Haddad não nega ser petista, à medida que nada cria, só se apropria das ideias alheias. Não quero dizer com isso para acabar com o Carnaval brasileiro. Ainda existe bom Carnaval, veja Olinda e seu frevo, que, até onde imagino, mantém sua tradição. Também não é minha intenção sugerir acabar com quaisquer festas. Minha crítica é somente uma provocação ao entorpecimento moral, pautado por música ruim e posturas primitivas, que alguns carnavais levam seu povo a praticar. (Quando digo “música ruim”, aviso aos nacionalistas que não é porque é samba que a coisa é boa. O samba é um ritmo e não um gênero musical.) A questão da música é ainda mais séria, ela é ruim Brasil afora, ao menos na grande mídia, independentemente de carnavais existirem ou não.

Para esses carnavais desregrados que citei serem um pouco melhores, seriam necessárias muitas e muitas e muitas regras. E quando estas regras chegarem, os blocos ficarão vazios, sabe por quê? Porque o povo não quer regras!

sábado, 28 de novembro de 2015

Os Ahmadinejads de São Paulo

É claro e evidente que as pessoas e “estudantes” que hoje invadiram as escolas do Estado de São Paulo não estão preocupados com a educação, não estão interessados na melhoria de políticas educacionais, inclusive, como ponto periférico, enquanto alunos, a maior parte só faz desdenhar quem lhe ensina. Os jovens que invadiram as escolas estão:

1 – apenas preocupados em assegurar seu lugar físico de convivência (isto é, o bem-estar individual é mais importante que o bem-estar coletivo, existe algo mais conservador, vindo de quem se diz progressista?);

2 – servindo de massa de manobra do petismo e de grupelhos de extrema esquerda que desejam há anos, e sem sucesso, acabar com o governo do PSDB – a tese da água não funcionou. (Os politicamente corretos dirão que o termo “invasão” é errado, e que o termo correto seria “ocupação”, e blá-blá-blá, contudo, e com a devida vênia, eu quero que essas pessoas se danem!)

O MTST é um dos grupelhos ao qual me refiro. O que o chamado Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto tem a ver com educação? Nem Sócrates esclareceria, por que eu gastaria meu tempo? Avante.

Outra entidade que está à frente dessas invasões é a APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), comandada por Bebel Noronha, aquela que vive fazendo lavagem cerebral – em quem, obviamente, não tem cérebro – com o objetivo de convencer os jovens a não irem à escola (pouca contradição, vindo de quem se diz professora?), quando, por exemplo, ela (Bebel) organiza greves de professores.

Deu para perceber o porquê de eu afirmar que os tais protestos contra a reestruturação educacional em São Paulo nada tem a ver com educação? É tudo apenas política partidária e ideológica, quando não apenas interesse em bagunçar. Inclusive, nessas escolas invadidas, há bandeiras hasteadas de todos os tipos, e uma delas é a que contém o símbolo da anarquia; nessas escolas, vê-se mais gente adulta (militantes profissionais) que alunos; há inúmeras escolas invadidas que nem sequer serão alvos da reestruturação. Percebe o porquê de eu insistir que o intuito desses canalhas não é o de melhorar a educação? Esses oportunistas (os militantes, sejam “estudantes” ou não) não apenas invadiram prédios públicos, mas estão impedindo a escola de funcionar, e isso é grave! (Evidentemente, não haveria motivo para a invasão, não fosse objetivando paralisar seu funcionamento.) E agora?!, consegue entender a razão de eu reiterar que a preocupação deles não é com a educação? Alguém que se preocupa, de fato, com educação impediria uma escola de funcionar (mesmo sob protestos), sobretudo, na fase de fechamento de ano letivo? Protestos são, obviamente, legítimos, mas impedir uma escola de cumprir com sua função é coisa de bandido. Esses militantes, com essas atitudes, nos apresentam seu real perfil: o autoritarismo, à medida que colocam todos em sua agenda. Como? Se eu, por exemplo, sou estudante e não tenho nada contra a reestruturação, isso pouco importaria, pois eu estaria sendo impedido de frequentar as aulas do mesmo jeito, e, assim, estaria fazendo parte da agenda de autoritários, que não me deram opção.

Fui, pessoalmente, tentar conversar com alguns "estudantes" invasores de uma escola, a fim de escrever uma matéria sobre o assunto à Gazeta Cidadã, mas, ao apresentar-me (como jornalista), nitidamente, os jovens ficaram receosos e disseram que não estavam autorizados a falar. Quem os desautoriza? Não disseram. No entanto, deu para notar que possuem um líder. Todos acuados, porém, hostis; a maior parte mascarada. Por que temem mostrar o rosto? Covardia? Medo? Vale salientar que a Constituição, no artigo 5º, diz ser livre a manifestação, mas veda a anonimato, portanto, há duas infrações sendo cometidas ao mesmo tempo: invasão de prédio público e anonimato.

No fim, ficou claro que, na verdade, eles não querem dialogar, como se afirma por aí, só querem espalhar terror e ter seus quinze minutos de fama, o que, consequentemente, mostra seu enorme vazio de espírito. Esses jovens dizem lutar contra o fechamento de escolas, e seus métodos são... fechar escolas. Há coerência? Evidentemente, a educação não é o foco.

Qual será o adulto que está corrompendo esses jovens e os encarcerando numa escola sob a lavagem cerebral devastadora do pseudoprogressismo? Qual será o adulto que está fazendo esses jovens passarem frio, talvez fome, enquanto dorme em sua cama quente? Alguém do MTST ou da APEOSP? Esse adulto será punido? E mais, esses jovens não percebem que também estão inibindo a liberdade do caseiro da escola, mesmo que, em tese, esse caseiro tenha trânsito livre? Esses jovens serão punidos?

Todos os envolvidos, direta ou indiretamente, serão punidos por atentar conta a Constituição? Continuemos.

Numa situação de invasão, qual é a resposta mais comum do ente afetado, no caso a Secretaria de Educação? Entrar na justiça com pedido de reintegração de posse (o que acaba, também, sendo positivo para os militantes, que sempre veem nessa oportunidade razão para criticar outra instituição pública: a polícia). Mas quando a Secretaria entrou com o pedido, o que afirmaram os desembargadores, quando estes, ignorantemente, negaram a solicitação? Que não se trata de invasão, mas apenas de tentativa de negociação por parte dos alunos. Não se trata de invasão? O que vemos então é apenas uma miragem? E por outra: discutir razões técnicas de ensino com alunos é ignorar a função da própria educação. O que as pessoas querem?! Que o governador vá até a casa de cada uma delas para explicar sua proposta? Ou ainda: será mesmo que as pessoas, numa discussão, pensariam no que é melhor para a educação?, ou pensariam no que seria melhor e mais conveniente para si? O governo, além de planejar a reestruturação educacional, abriu, sim!, diálogo, mas com quem deveria, isto é, com as delegacias de ensino, as quais são responsáveis por fazer a mediação com as escolas. Não se pergunta a crianças ou adolescentes qual tipo ou modelo de educação eles preferem. “Duco” (latim), raiz da palavra “educação”, significa “conduzir”, acrescentando-se o “e”, possui o significado “de cima para baixo”, no sentido hierárquico. Essa abordagem pedagógica horizontal atual, defendida por pedagogos fajutos contemporâneos, só faz deturpar a educação, além de ir contra sua etimologia.

A fusão de ciclos foi determinada na reforma de 1971, durante o regime militar; Jarbas Passarinho era o ministro da Educação à época. Este, ainda, a título de informação, retirou música e desenho da grade curricular, complicando ainda mais a situação educacional; nessa fase, pois, surgiu a disciplina de educação artística. Desse modo, na década de 1990, no início do governo Covas, a Secretaria de Educação, chefiada por Rose Neubauer, reorganizou os ensinos primário e ginásio, hoje fundamentais I e II, respectivamente, separando-os por ciclos, como assim o era antes de 1971. A mudança, apesar de difícil, foi extremamente satisfatória, inclusive, países de primeiro mundo trabalham dessa forma, como os EUA, onde High School Jr. (ginasial) é separado de High School (médio). Mas na época, voltando ao governo Covas, não era possível, para os militantes, fazer das crianças, por serem crianças, (como eu, que fui um dos sujeitos passivos, pois estudava no ginásio público) massa de manobra. Adiante.

Além do motivo técnico, há também outros, como a evasão, ocasionada pela queda de natalidade, que é um fato; transferências para redes municipais ou privadas (no caso das privadas, com uma ajudinha extra da Rede Globo, que por anos fez propaganda de colégio particular, como na novela Malhação). Esses motivos que citei fizeram com que a demanda na rede pública diminuísse absurdamente, e, hoje, acabar com esse espaço ocioso é valorizar dinheiro público, sobretudo, numa época de recessão econômica, criada por quem? Ora essa, pelo partido no qual esses militantes votam, ou defendem, ou fazem aliança: o PT! Pouca contradição? Há escolas atualmente com 50% de ociosidade. Desde a chegada do novo século, a demanda do ensino público despencou de 6 milhões para 4 milhões; a rede pública, ainda, é capaz de atender a demanda de 6 milhões de alunos.(Só para constar, a demanda da rede privada também diminuiu.) Essa reestruturação, além de técnica, é economicamente necessária e oportuna. Além do mais, em prédios específicos, a divisão de ciclos mostra rendimento até 22% superior aos dos alunos que estão misturados com outras faixas etárias. Até o próprio petista, o ministro da Educação Aloizio Mercadante, é a favor da proposta do governo de São Paulo. Não é salutar, nem nunca foi, misturar crianças com adolescentes.

Os prédios não serão fechados, isso é discurso de pilantra, todos eles continuarão a serviços educacionais; nenhum aluno ficará sem vaga, todos serão transferidos para colégios próximos; nenhum professor perderá o emprego, mas, pelo contrário, foram chamados, nas últimas semanas, 5100 concursados; não haverá superlotação de salas de aula, como afirmam alguns tolos que não conhecem leis. Há uma lei estadual em São Paulo que exige o máximo de quarenta alunos por sala, isto é, o máximo de hoje continuará a ser o máximo de amanhã. Atualmente, há 1500 escolas de ciclo único, e a intenção é que esse número chegue a 2250. Hoje, sobram vagas para os ensinos fundamental e médio, e faltam vagas para creches (vide o desprezo do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, com as creches). Com essa reestruturação estadual, vários prédios serão destinados aos municípios – que já estão de olho –, para se aumentar, além de creches, pré-escolas e ensino técnico. Será que o PT, caso estivesse no poder estadual, daria uma forcinha para um opositor municipal, como ceder prédios para se construir creches?

Agora, brevemente, um pouco de história para fazer jus ao título deste artigo. Os tais invasores de prédios públicos pensam estar seguindo Lênin ou Che Guevara, mas quem inventou invasão de prédio público foi o neonazista Mahmoud Ahmadinejad, presidente iraniano entre 2005 e 2013. Sim, caro leitor, em 1979, ele era líder estudantil do curso de engenharia em Teerã. Ficou famoso e acabou virando presidente na eleição direta, 26 anos mais tarde. A invasão foi feita em 1979, quando o xá Reza Pahlevi, que tiranizava o Irã desde 1941, foi deposto pelo aiatolá Ruhollah Khomeini. Semanas depois que Ahmadinejad invadiu a embaixada americana, logo após o golpe de Khomeini, a Libelu invadiu a reitoria da USP (Universidade de São Paulo). Essa foi a primeira invasão de prédio por estudantes, no Brasil. A Libelu (Liberdade e Luta) foi um movimento estudantil brasileiro da década de 1970, ligado ao trotskismo. Portanto, esses estudantes atuais aqui de São Paulo, ao invadirem prédios públicos, nada mais são que espelhos da teocracia islâmica. Devo acrescentar, ainda, que Mussolini é quem recomendava a prática de se rebelar contra os pais e professores – nesse caso aos balillas, que eram as tropas infantis.

Não cabe aos estudantes se meterem em política executiva. Se eles desejam fazer política, devem usar o grêmio estudantil, que, afinal de contas, serve para isso. Portanto, enquanto os jovens são espelhos de Ahmadinejad, seus líderes são espelhos de Mussolini, que era o próprio fascismo, fascismo este que Gramsci chamava de subversão conservadora. Não há frase melhor para definir a atitude dos estudantes – rebeldes sem causa, como diria Ultraje a Rigor – de São Paulo, pois estes subvertem o sistema para mantê-lo no lugar em que está.

Volto ao tema. É preciso coragem para reestruturar serviços públicos. As pessoas vivem a cobram mudanças e melhorias, e quando um governo de fato se prontifica a fazê-las (baseadas em estudos técnicos, diga-se de passagem), grande parte opta pelo status quo. Existe algo mais conservador vindo de que pensa ser progressista?

A realidade é que as pessoas têm medo de mudança, inclusive esses alunos e militantes mimados, que temem perder amigos ao mudar de escola (essa é a real preocupação, além, claro, da bagunça jovial em si), amigos estes que, provavelmente, não terão mais notícias em dez anos, separando agora ou não. Atente-se às amarguras da vida, companheiro! Ela (a vida) não é como sua cabecinha idealista imagina ou deseja.

E, para finalizar, devo deixar claro minha repulsa, talvez pena, por gente que a vida toda estudou em colégio privado, e hoje pensa ser apto ou ter moral para se posicionar contra medidas de educação pública, pois a maioria nem sabe o que diz, visto que sempre passou longe de tais assuntos; a maioria sempre passou longe daqueles que sempre considerou plebe. Devo deixar claro, também, minha repulsa, talvez pena, por gente que a vida toda viveu na redoma de seu apartamento com seu videogame, e que nunca fez nada por sua comunidade, mas que hoje adora rotular de retrógrado quem tem um pensamento diferente do seu. Na cabeça desses pseudoprogressistas, um homem para ser progressista precisa ser a favor do aborto, a favor das drogas, a favor de um Estado Palestino, a favor do “casamento” gay, contra o Cristianismo, entre outras falácias contemporâneas. Para esses tolos, o que se pensa é mais importante do que o que se pratica. Esse é o progressismo dos mimados! Esse é o progressismo dos leitores de orelha peseudoesquerdistas que pensam contribuir com o planeta por andar de bicicleta (ou bike – o termo da moda) nos fins de semana.

O que gente assim acrescenta para o mundo? Nem Sócrates esclareceria, por que eu gastaria meu tempo? À vista disso, encerro aqui.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Aborto: eugenia indubitável

Os pensamentos que rondam a sociedade contemporânea são meros clichês que vão se padronizando através das épocas.

Aqueles que defendem o aborto, é regra!, também defendem a liberação da maconha, a existência de um Estado palestino, a extinção de Israel, casamento (?) gay, socialização dos meios de produção (aqueles que leem um pouco mais) etc. Esse grupo, quando reconhece um igual, é como um cachorro quando encontra seu dono: o rabinho não para de abanar. Por outro lado, quando lida de frente com a adversidade, é como um cão raivoso (peço desculpa aos cães). E ainda tenta dar lição sobre intolerância. Adiante.

Deve ser triste não ter a quem rezar; deve ser triste poder contar apenas com algumas doutrinas e alguns poucos amigos de luta social; deve ser triste, principalmente, passar a vida votando em “heróis da pátria”, enquanto, da lama, avista os tais heróis enriquecerem com dinheiro público; deve ser triste ser enganado pelo partido no qual se votou a vida toda. Como assim? Imagine você votando em um partido, por acreditar que ele luta contra as “desigualdades do capitalismo”, e, quando finalmente esse partido adentra o poder, você percebe que aqueles capitalistas contra os quais lutou a vida toda, passam a enriquecer ainda mais. Falo dos banqueiros, empreiteiros etc. É claro que você ficaria com vergonha, mas, ao mesmo tempo, essa doutrina lhe cegou e você não consegue mais se libertar desse senhor: o partido. Geralmente, essas pessoas criticam a fé religiosa de outrem, mas, por contrapartida, não percebem que também acreditam em um deus. Falo, especificamente, do PT e de todos os nanicos, como PSOL, PCdoB, PSTU e afins, pois são esses que são tratados como religião por seus eleitores e militantes.

Quando trato sobre o aborto, é claro!, não desassocio minha crença religiosa de minha visão, mas não é um pré-requisito para tratar do assunto, pois não é preciso crer em Deus para defender a inviolabilidade da vida humana, basta ter um pouco de caráter e bom senso.

Entre lutar pela melhoria do serviço público, no que se refere a atendimento pré-natal e psicológico, e lutar para que o serviço público pratique aborto, esse grupelho, ao qual me referi no começo deste artigo, prefere lutar pelo aborto. Entre a vida e a morte, luta-se pela morte. O Estado já fornece, gratuitamente, preservativos, anticoncepcionais e até pílulas do dia seguinte. O que mais as pessoas querem?! Dentro em breve, o Estado participará ativamente na cama do casal. Talvez seja só o que falte.

Não vou entrar na discussão sobre a partir de quando a vida é vida, pois a questão é muito mais profunda; é de essência e princípios. Ou por outra: quem decide quando começa a vida? Essas minorias têm a tendência arrogante de querer determinar quando o feto é ser humano. A formação humana progride a cada dia pelos nove meses de gestação, não há um dia exato em que o ser humano torna-se ser humano.

E é mentira, ainda, que, com a legalização do aborto, o número de abortistas não cresceria. Na Austrália, cem mil abortos são realizados anualmente em decorrência de sua legalidade, número que aumenta a cada ano; na Espanha, os abortos também crescem incontrolavelmente, e nos últimos anos, abortou-se o equivalente à população do Estado de Luxemburgo; nos EUA, após a vigência da lei, o número de abortos subiu 700% nos primeiros vinte anos. No Brasil, mortes com abortos aumentariam, sim, após a legalização, ou a saúde pública do país é eficiente? Ou o Brasil é melhor que os países citados? É óbvio que, como pessoas que são favoráveis à posição abortista não entendem de cálculos, faz-se uma lambança terrível com os números. A título de informação, os países que aderiram à legalização do aborto, já buscam políticas de resolução, à medida que a lei lhes trouxe problemas demográficos.

Que fique claro, a mulher é dona de seu corpo, mas de seu filho é apenas tutelar. Ou seja, a mulher é dona de seu corpo, mas não do corpo que carrega em seu ventre. Ou ainda: se o pai não pode interferir e nem sequer opinar na decisão da mãe, por que então ele deveria se responsabilizar caso o filho nasça? Por que esse feminismo imbecil é melhor que quaisquer posturas machistas também imbecis? As feministas tratam o assunto como se a gravidez fosse uma imposição masculina, mas infelizmente – para elas – são as mulheres que engravidam, é a natureza. Ou se conformam ou passarão a vida toda amarguradas.

O aborto é, sim!, uma forma de eugenia – aquela usada por Hitler –, pois através dele, escolhe-se quem deve ou não viver. Ainda, à medida que avança a pesquisa genética e que exames de imagens vão se tornando mais precisos, é claro que, não tardará muito, se terá as fichas com doenças em potencial que poderá ter o indivíduo em gestação. Com o aborto legalizado, caberá aos pais fazer ou não a escolha do “filho perfeito”. Nesse raciocínio, alguém também indagará se é justo com a sociedade trazer ao mundo pessoas que darão despesas ao Estado, e o tal “filho perfeito” virará política oficial. Hitler deve estar rindo do inferno. Os abortistas o criticam, mas não percebem que usam seus métodos. Por essa e outras, essa esquerda tosca tem um pé no nazismo, o qual, por sua vez, teve um pé na esquerda, ou Hitler não foi líder do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães? Gostando ou não, o passado não pode ser alterado.

E, para terminar, emito uma visão, agora sim religiosa, ainda sou a favor do controle moral do corpo e da intimidade, pois esse ainda é o melhor caminho para quem não deseja ter filhos. Todas as outras medidas – preservativos, abortos etc. – são apenas paliativas. As pessoas precisam aprender a se responsabilizar pelas consequências de seus atos e, assim, assumi-las. A posição abortista não deixa de ser uma absurda covardia, em todos os aspectos. O aborto é uma contradição inelutável: só pode ser a favor quem não foi abortado. Essa assertiva, talvez até clichê, deveria bastar do ponto de vista ético. Isto é, o aborto é moralmente indefensável. É o que o mundo contemporâneo, através dessas doutrinas imorais, está criando e proliferando: pessoas mimadas e covardes.

Ps. O aborto não é legal no Brasil, mas em alguns poucos casos, como o de estupro, risco de morte da mãe e diagnóstico de anencefalia (este último caso criado pelo STF, que passou a sentir ente legislador), ele não resulta em punição, isto é, não existe aborto legal, como afirma a militância suja.

O Art. 2o do Código Civil, ainda, afirma: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”.

domingo, 27 de setembro de 2015

A sociologia hipócrita atual culpa pessoas de bem pela pobreza do mundo

A sociologia nasceu no século XIX como uma ciência conservadora. Auguste Comte, o responsável pelo termo “sociologia” e também responsável pela corrente filosófica positivista, passou a vida falando de uma ditadura republicana tecnocrática. Todo esse pensamento, inclusive, influenciou o Brasil que proclamou sua república. A influência subsiste até mesmo nas palavras de nossa bandeira: Ordem e Progresso. “Amor, por princípio, ordem, por base, e progresso, por fim” (Auguste Comte).

Comte dizia que o mundo caminhava, de forma progressiva, a uma etapa perfeita: a etapa positiva. Nela não haveria religião, tampouco políticos metafísicos. O mundo, então, seria explicado pela ciência; seria técnico e pragmático, que não erra nem especula.

Com o decorrer das décadas, a sociologia – que, basicamente, estuda o homem em sociedade – foi dominada pelas esquerdas, as quais tentam convencer seus alunos de que o mal do mundo reside no capitalismo; de que a elite é responsável pela pobreza instaurada de forma universal. Digo até que “sociologia” é confundida com “socialismo”, isto é, um erro crasso.

Neste artigo, minha intenção não é dissertar sobre capitalismo, socialismo etc., pois isso tornaria o artigo extenso em demasia. Minha intenção é muito mais simples e objetiva.

Quando professores de sociologia vão abordar temas referentes à violência, sociedade, cultura etc., eles tentam culpar certa ala da sociedade pelos mendigos de rua, pela pobreza e até mesmo, pasme!, pelos bandidos que nos assolam. Na visão desses professores sacripantas, todos nós deveríamos, por exemplo, ao passar por um necessitado, olhar em seus olhos profundamente e chorar junto a eles, sentir a dor deles. Lágrimas, porém, não resolvem problemas, sobretudo, estruturais. Evidentemente, não estou dizendo que as pessoas devam ser frias com o infortúnio alheio; não estou dizendo que não devemos ajudar a quem necessita, de acordo com nosso alcance, é claro. O que estou dizendo é que nem tudo é culpa de alguém ou de uma ala especificamente, pois a questão é muito mais ampla. Poderia me debruçar em Rousseau, Hobbes e até Jesus, para me explicar, mas como disse, serei mais objetivo. (Para maior aprofundamento, leia meu livro "Ensaios sobre o Mundo Pós-Moderno".)

Não creio na tese da economia clássica, que, grosso modo, libera o Estado de certas responsabilidades. Por outro lado, também não creio no Estado sob ótica comunista. Assim, então, vou na linha do economista inglês Keynes, o qual departamentos de sociologia de universidades como a USP não conhecem.

Acredito e defendo a responsabilidade direta do Estado, não somente nas questões de educação, saúde e segurança, mas também de emprego, bem-estar social, intervenções e regulações em áreas econômicas etc. Contudo, esnobo demagogias de assistencialismo e afins. Uma pessoa, grosso modo, necessita mais que comida para viver dignamente; esnobo, também, a discriminação sobre empresários, oriunda de alas da esquerda.

O Brasil tem uma das cargas tributárias mais altas do mundo; o Brasil é um dos maiores arrecadadores de impostos do mundo. Você, leitor, e eu, trabalhamos mais do que deveríamos para bancar o governo, o qual, por sua vez, deveria reverter esse recurso/verba aos serviços públicos, a partir dos quais os mendigos de rua e os miseráveis das favelas deveriam sair da condição em que se encontram, pois nesses serviços aos quais me refiro eram para constar educação, saúde, emprego etc. dignos.

Desse modo, se há mendigos passando fome, o Estado não está cumprindo seu papel adequadamente; o Estado não está usando a verba que você, leitor, e eu fornecemos através do esforço de nosso trabalho e suor.

Não estou dizendo que o Estado deveria investir mais verba nessas áreas, pois talvez você não saiba, mas o Brasil investe tanto em educação quanto um país de primeiro mundo. Isto é, o percentual do PIB investido é praticamente o mesmo de países como Itália, Portugal etc. A questão é, portanto, investir corretamente.

A responsabilidade pela miséria não reside diretamente num sistema econômico em si, mas, primeiramente, num Estado mal gerido.

Na sociologia, fala-se muito em formas de violência, e dentre essas formas estão as violências política e revolucionária. O crime de corrupção não deixa de ser, então, um assassinato contra serviços públicos de qualidade. O Brasil, não por coincidência, viveu, em menos de uma década, os dois maiores crimes de corrupção de sua história, quiçá da história do mundo (mensalão e petrolão – até agora).

O Estado brasileiro, leitor, é mal gerido e corrupto há anos; o Estado brasileiro, leitor, é quem destrata seus cidadãos; o Estado brasileiro, leitor, é quem não possui sociólogos de verdade para assessorá-lo. E o que os professores de sociologia fazem? Eles culpam o trabalhador e o sistema no qual vivemos pela existência de pobreza, enquanto, ao mesmo tempo, votam em partidos que corrompem o Estado, o qual, este sim, mantém o pobre como pobre, à medida que rouba ou não investe nossos recursos digna e adequadamente. (E eu estou falando, sim, do PT, caso não tenha ficado claro.)

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Terceiro melhor prefeito de São Paulo?

Certa feita, ouvi de um amigo que Fernando Haddad estava entre os três melhores prefeitos da história da cidade de São Paulo, só ficando atrás, então, de Faria Lima e Prestes Maia. Nos dois últimos, eu consigo ver alguma vantagem, contudo, ou esse amigo está confundindo Fernando Haddad com outro nome, ou perdeu mesmo qualquer senso de lucidez. Numa das reuniões que tive de ouvir essa afirmação estupefaciente – pois ele já havia afirmado tal disparate outras vezes –, questionei o porquê de tal visão, e um silêncio sepulcral pairou. Após questioná-lo, inverti a tal lista, e coloquei o petista da medalha de bronze entre os três piores, só ficando atrás de Jânio Quadros e Celso Pitta. Essa foi uma decisão difícil de tomar, visto que muitos prefeitos merecem esse pódio da vergonha, como Paulo Maluf, Marta Suplicy, entre outros. Você discorda? Ok, mas isso não muda os fatos. Sigamos.

Como alguém que escolhe uma equipe esdrúxula para assessorar – e isso é incontestável, do contrário não faria tanta sandice – pode estar entre os melhores? Como alguém que destrói a cidade com “ciclovias” mal feitas, perigosas e sem quaisquer planejamentos ou debates dignos pode merecer tal honra? Como alguém que se ocupa com minúcias, como o fechamento para carros e ônibus de importantes vias, em detrimento de promessas de campanha, como aumentar número de creches, pode ser ovacionado? Até faixa para pedestre está sendo criada junto aos carros. Bom, poderia passar horas elencando a má gestão em questão, e no fim os benefícios, caso haja, não representariam um décimo dos infortúnios.

Vou me debruçar, entretanto, um pouco mais sobre o fechamento para carros e ônibus, aos domingos, de uma importante via da cidade: a Avenida Paulista. Ninguém avisou o prefeito que lazer deve ser usufruído em parques, praças e afins. (Aí está a má assessoria.) Ou talvez ele saiba, mas é claro que é muito mais prático fechar uma avenida que construir parques, ou melhorar os parques e praças existentes, assim como é fácil pintar faixas vermelhas nas ruas e chamá-las de ciclovias. Pronto!, tudo se resolveu. Todos podem, agora, viver e coexistir em paz. Piada!

Aquela cena que ilustra folhetos das Testemunhas de Jeová, na qual as 144.000 pessoas (lorota) salvas estão felizes num grande jardim de deleite, parece-me, é a mesma cena que está na cabeça de Haddad, quando este imagina a Paulista ocupada por pessoas lights, saudáveis, “modernas” e que, pior, acham que tudo é lindo ao seu modo e que o importante é ser feliz acima de tudo. (É esse tipo de pensamento que fará com que nós, do século XXI, sejamos lembrados e tratados como motivo de chacota por nossos sucessores.)

O lulupetismo, do qual Haddad faz parte, incitou, mais que ninguém, através de incentivos, a compra de automóveis, e hoje acha bonito pedir que o deixemos em casa para andar a pé ou de bicicleta. O prefeito se esquece que foi eleito para governar para todos, inclusive os motoristas. Evidentemente, eu tenho consciência de que são necessárias medidas de bem comum, mas para que elas sejam coerentes, é necessário, também, um mínimo de estudo, planejamento e discussão. Não é passando por cima de certa ala da sociedade que se resolve certas coisas; não é se comportando como um tirano da “inteligência” que se chega ao bem comum.

Como afirma a jornalista Lúcia Boldrini: "Acabar com os ônibus na Paulista aos domingos é obrigar as pessoas a fazer mais baldeações ou a andar mais para alcançar as estações de metrô. É tomar o tempo delas, é inviabilizar o passeio ou dificultar o acesso ao trabalho, justo num domingo. É impor sofrimento e restrição aos invisíveis por um fetiche".

“Fetiche”. Esse é o substantivo que deve rotular Fernando Haddad. Que fetiche é esse com a Paulista? Deixe a Paulista em paz, prefeito! Pare de superfaturar as obras em nossa principal avenida tentando passar imagem de moderno. Sim, foram gastos, com a ciclovia da Paulista, R$ 12.200.000 (faço questão de pôr em extenso: doze milhões e duzentos mil reais). E já que a Paulista tem 2.700 metros, foram retirados de nossos bolsos R$ 45,00/cm. E não adianta vir comparar cidades como Amsterdã ou Nova Iorque para defender ciclovias em São Paulo. As topografias são diferentes, os custos são absurdamente diferentes e os debates com a sociedade, idem.

No caso do fechamento da avenida em questão, não importa mais quais possíveis benefícios essa implantação pode trazer, o projeto está errado em sua essência. Uma avenida tem uma razão natural de ser, em qualquer parte do universo, e o prefeito quer mudar a essência natural das coisas, menos a sua própria.

Fernando Haddad não está interessado no bem comum da população paulistana, ele só quer terminar o mandato com uma imagem um pouquinho melhor da que possui atualmente, isto é, péssima. Ele sabe que não dá mais tempo de implementar coisas importantes na cidade, e sabe, também, que sua imagem despenca cada dia mais. (Aliás, não dá mais tempo e nem tampouco possui capacidade para tal.) A melhor solução, então, foi tentar passar uma imagem de moderninho perante os tolos que o apoiam... Tolos saudáveis que choram, de longe, pelos sírios quando veem aquela guerra pelos seus iPhones; tolos individualistas e infelizes que limpam suas consciências andando de bicicleta aos domingos, enquanto nos outros seis dias da semana poluem o mundo com os combustíveis que vêm de uma estatal corrupta: a Petrobras.

Volto-me ao meu amigo do início. Por que Fernando Haddad está entre os três melhores prefeitos da história da cidade de São Paulo? Responda, por favor!

domingo, 13 de setembro de 2015

Ninguém é feliz!

Ninguém é feliz! A verdadeira questão é que alguns sabem – mesmo que ignorem – e outros não.

Vivo refugiado no canto de minha trincheira, e lido direta e conscientemente com minha solitude. Epicuro dizia que o homem torna-se vulnerável ao se isolar, o que o pensador, então, não recomendava. Ignoro-o, apesar de admirá-lo em tantas questões.

Alguns, portanto, me consideram solitário, e demonstram total desconhecimento dos significados dos termos “solidão” e “solitude”. Não me ocuparei a explicar. Pessoas me rotulam de solitário, enquanto rodeadas de pessoas e risadas, ao mesmo tempo em que evitam sua própria companhia. Viver sob o medo da dor é mais grave que a própria dor em si, e ela nos atinge a todos.

O que faz um grupo de pessoas reunidas em festa em meio à bebedeira, por exemplo? Certamente o assunto não cessa, e não cessa exatamente por não haver assunto; certamente a risada é ininterrupta, e assim o é exatamente pelo medo do silêncio. Um homem só percebe sua pequenez e futilidade no vazio de sua companhia, quando, assim, portanto, reconhece sua essência, e por isso evita tal situação. Não eu. Por conseguinte, um grupo de pessoas nada mais reúne senão um grupo de solitários que desconhecem sua própria essência. E, no coletivo, toda essa dor e essa solidão são diluídas e disfarçadas, a maior parte das vezes de forma instintiva, e por esse motivo, também, pessoas com esse perfil renegariam esta assertiva. Contudo, os que renegam minha argumentação poderiam contra-argumentar, dizendo, por consequência, morar aí a importância da socialização, já que é somente através dela que se encontra a felicidade. Não obstante, essa tal felicidade, ainda assim, nada mais é que um mero subterfúgio, isto é, apenas uma ilusão.

A felicidade vivida num grupo como esses é como uma miragem avistada por um viajante. Do mesmo modo que uma miragem nada mais é que uma peça que nos prega nossa mente vã, a tal felicidade assim o é: nada mais que uma quimera. E, à vista disso, não existe!

Como disse, à beira da morte, o príncipe Hamlet: “O resto é silêncio!” Ou, trazendo algo mais moderno e nosso, como Drummond: "Há uma hora em que os bares se fecham/ e todas as virtudes se negam". Fim!

quarta-feira, 22 de julho de 2015

O porquê de meus por quês

Não me tornei músico objetivando fama, tampouco publiquei livros com essa pretensão. Estudei música porque meu espírito solfejava melodias, ininterruptamente – mesmo que de forma inconsciente –, todavia, cabia a mim, como ser físico, colocá-las no lugar certo (não que este seja um requisito primordial do ponto de vista artístico); estudei música pelo amor que sinto pela organização dos sons e à eminência que ela pode nos levar; estudei música pelo maravilhamento que tinha (e continuo tendo) por tudo o que é possível criar a partir da matéria-prima que a natureza nos fornece, mesmo que nós, ocidentais, tenhamos alterado-a matematicamente. E que deu certo! Estudei música pelo deslumbramento que tenho e sempre tive por nomes incontestes (e suas obras) que passaram por nossa história; estudei música porque vi na arte uma forma genuína de tocar a alma das pessoas... e a minha.

Escrevo porque tenho descontrolada necessidade de expor, de forma clara (nem sempre coloquial), tudo o que sinto, apesar de músicas expressarem, por si só, os mais sublimes ou mais simples sentimentos.

Evidentemente, o palco e a plateia me são valiosos, mas não forçosamente uma necessidade, por outro lado, minha música e minha literatura, sim, são como extensões de mim mesmo, e estão relacionadas à intimidade, e não necessariamente à massificação; antes de subir em palcos, já compunha demasiadamente, pois, reitero, minha música retrata aquilo que sou em essência, e se esta ficar dentro de meu armário deixar-me-á mais infeliz do que penso ser.

O dia em que eu não tiver nada a dizer, meu espírito deixará de emanar melodias e meu cérebro, por sua vez, de pensar palavras. Isso acontece, tenho consciência, um pouco a cada dia. Devagar vou deixando de ter o que dizer e expressar, e isso ocorre à medida que percebo o ciclo vicioso do mundo, percepção esta que eu não possuía, ou então ignorava. Talvez vivemos tempo demais nesta terra.

Não subo ao palco como animador de festa, e me entristece quando vejo que é isso o que grande parte pessoas quer. Subo ao palco para apresentar minha obra, e, mesmo que a maior parte dela expresse minha solitude e visão das coisas, penso que ela pode contribuir ao menos com uma melhoria interna de cada um, e, obviamente, eu me incluo nessa ala. Conforme envelhecemos, percebemos que não nos cabe mudar o mundo, mas melhorarmos, sim, a nós mesmos, o que, consequentemente, ajudaria a contribuir com uma melhoria das pessoas de nosso ciclo de convivência e, então, com o mundo que possuímos.

Quando vou, raramente, a encontros sociais, fico contente, de certa forma, quando me pedem para cantar e tocar, pois sei que músicas podem ter um papel de alegria, mas, como a maior parte das vezes ela leva os ouvintes a um entorpecimento moral (não somente através da música em si, mas principalmente pela forma de as pessoas lidarem umas com as outras e com os recursos disponíveis), fica explicada minhas raras idas a eventos com essa conotação, além de pensar que meu talento (caso haja) não se estenda a esse mérito, não somente por condição pessoal, mas, principalmente, por condição inata.

Assim, a música e a literatura (limitando-me a, por enquanto, debater somente esses segmentos) podem ter vários papéis, mas quando o “artista” leva as pessoas ao seu redor a se entorpecerem física e moralmente, ou simplesmente quando ele anseia a fama como fim, este não é um artista, mas somente um comerciante ou um agente do entretenimento, mesmo que tenha talento para artista. Evidentemente, não estou afirmando que não se possa viver da arte.

Quando, em minha obra, eu abordo questões como fraqueza, moral, angústia e afins (e temas como estes não são raros nem tampouco estranhos a mim), trato mais do mundo e das épocas que de um sentimentalismo puramente pessoal em si; refiro-me, geralmente, à natureza humana e aos problemas que todos trazem consigo desde sempre, mas que, grande parte, por medo, fuga, indiferença ou ignorância, desconsidera, e por isso aparenta ser mais feliz, quando, no fundo, vive apenas uma ilusão. Ser sério e reservado, todavia, não significa nunca sorrir ou nunca ser feliz, significa não sorrir à toa e a todo o momento, tornando-se, assim, um mero bobo que não sabe valorizar emoções de fato.

O artista (e o que vou dizer deveria se estender a todos) necessita de momentos profundos para reflexões, e é daí que surgem as grandes obras sobre as quais nos debruçamos através das épocas. No mundo atual, é muito comum pessoas condenarem a solitude, por outro lado, o que seria de nós, caso não houvesse, no decorrer da história, pessoas com essa característica? Quantas obras o mundo deixaria de possuir? Afirmo, com certeza, que as principais! Obras, inclusive, que estudamos, e hoje nem percebemos a importância que podem ter tido para nossa formação. Não pretendo, com essa assertiva, dizer que não é possível um artista criar uma boa obra em momentos de felicidade, mas eu não preciso advogar em nome disso, porque todos já o fazem.

Por meu trabalho na área jornalística (jornal, blog e programa de WEB), fui diversas vezes rotulado de conservador, e isso por eu ser um vigoroso crítico de políticas demagógicas e um autêntico contestador do lulopetismo. Pobre das pessoas que veem, hoje, nesse partido (e nesse oportunista – Lula) um ente de progresso e de esquerda. Isso só nos mostra como é deturpada a visão de direita e esquerda que temos na América Latina; nos mostra, ainda, como faz falta a leitura de autores incontestes. Talvez você, leitor, não conheça Leôncio Basbaum, teatrólogo brasileiro do século XX, o qual afirma que a esquerda é aquela que luta pela melhoria da vida da população, através da mudança das condições vigentes. Ainda devo citar, para fim de conclusão, autores como Keynes, Malthus e Adam Smith, principais pensadores nas áreas de economia e filosofia, e todos são muito claros quando dizem que avanço se dá mediante emprego e empreendedorismo. Auxílios só atravancam essas duas frentes. É claro que esse é um tema polêmico e que dá margem a muita discussão, mas o fato é que eu não acredito em ninguém que se coloca como a salvação dos oprimidos, pelo contrário, vejo em gente assim o demônio encarnado. Essas pessoas que sentem prazer ao me rotular deveriam notar que há um paradoxo nisso tudo, isto é, o partido no qual elas votam, por crer que este faz algo pelos mais pobres, na verdade está, isto sim, no grupo dos mais conservadores, pois a política que usa para isso não faz nada mais que manter essas pessoas nessas condições ad aeternum, já que claramente não há investimento de infraestrutura para elas nem para o meio no qual vivem. E eu, que devagar e desde sempre, luto pelo avanço da educação (pois sou professor), da cultura (pois sou músico e escritor) e da comunicação (pois sou produtor audiovisual, radialista e jornalista), sou rotulado de conservador. É claro que muitas pessoas podem atuar nessas áreas e não fazer nada pela melhoria da sociedade, mas quem me conhece sabe meu histórico no que se refere a trabalhos sociais.

Minhas referências, pode crer!, estão mais em Platão, Santo Agostinho, Pascal, Adam Smith, Malthus, Kierkegaard, Dostoievski, Machado de Assis, Kafka e Keynes, e menos (ou nada, apesar de tê-los lido muito!) em Aristóteles, Anthony Ashley Cooper Jr. (3º Conde de Shaftesbury), Voltaire, Rousseau, Marx, (apesar de haver divergências entre Marx e Rousseau, como a implantação da eleição presidencial direta – proposta de Rousseau –, a qual Robespierre tentou introduzir, sem sucesso, na França do século XVIII, e à qual Marx se posicionou contra em 1848, quando ela de fato foi implantada na Revolução das primeiras Comunas de Paris), Engels, Sartre e Foucault.

Assim, coloco-me à disposição, aos que gostam de me rotular, para debater qualquer tema relacionado à cultura, à educação, à comunicação, à política, à filosofia, à economia, à ética e moral e à história.

Ps. Caso haja interesse sobre o que abordei neste artigo a respeito de política partidária e programas políticos, basta ler o livro que publiquei em 2014 sobre o assunto: “Ensaios sobre o Mundo Pós-Moderno”; ou se ainda quiser saber mais sobre o que escrevi no primeiro parágrafo deste artigo sobre nós, ocidentais, termos alterado a matemática das escalas sonoras naturais, leia meu livro: “Manual das Relações entre Música e Matemática”; por fim, caso se interesse pelos temas relacionados à moral humana, leia meus livros: “Contos & Conflitos”, Infortúnios de uma Família” e “Solitude”.